Economia

Valor de Pix para casas de apostas cresceu 200% e inadimplência pode ser impactada, diz Campos Neto

Campos Neto afirmou que o BC verificou a correlação entre apostas e beneficiários do Bolsa Família

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 24 de setembro de 2024 às 11h00.

Última atualização em 24 de setembro de 2024 às 11h02.

Tudo sobreBanco Central
Saiba mais

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira, 24, que o crescimento das casas de apostas no Brasil preocupa e pode ter um grande impacto na inadimplência da população, com a população mais pobres comprometendo sua renda com as 'bets'.

"Começamos a ter a percepção de que vai haver um efeito na inadimplência na ponta. Nosso trabalho é levar ao governo e à sociedade nossas preocupações. Não cabe ao BC regular", disse Campos Neto durante a J. Safra Brazil Conference 2024, realizada pelo Banco Safra.

O chefe da autoridade monetária destacou que houve um aumento superior a 200% desde janeiro no valor médio de transferências Pix dos apostadores para as empresas de apostas no país.

"A gente consegue mapear o que teve de Pix para essas plataformas, e o crescimento de janeiro para cá foi bastante grande. A gente pega o ticket médio e ele subiu mais de 200%", afirmou o presidente do BC.

Campos Neto acrescentou que o BC verificou uma correlação significativa entre pessoas que recebem Bolsa Família, de baixa renda, e o aumento das apostas, destacando que este crescimento foi "bastante grande" neste ano. Ele também mencionou conversas com outros países para entender como as apostas afetaram a dinâmica econômica em diferentes regiões do mundo.

"O crédito este ano está melhor que o esperado e a inadimplência, até uns dois meses atrás, também estava um pouquinho melhor que o esperado. Mas, agora, na baixa renda, começou a ter uma piora, e há um tema muito relevante relacionado às bets", acrescentou.

Acompanhe tudo sobre:Roberto Campos NetoBanco Central

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto