Economia

Campos Neto: É a 1ª vez que temos surto de inflação mundial e Brasil com inflação mais baixa

Durante discurso em Fortaleza (CE), Campos Neto sustentou que a situação se deve, em parte, à decisão do BC de começar a subir os juros antes das demais economias

Inflação: "Isso é tema de muita preocupação", afirmou Campos Neto (Geraldo Magela/Agência Senado/Flickr)

Inflação: "Isso é tema de muita preocupação", afirmou Campos Neto (Geraldo Magela/Agência Senado/Flickr)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 30 de maio de 2023 às 06h50.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, destacou nesta segunda-feira, 29, que, pela primeira vez, o Brasil passa por um surto de inflação global com índices de preços abaixo da média internacional.

Durante discurso em Fortaleza (CE), Campos Neto sustentou que a situação se deve, em parte, à decisão do BC de começar a subir os juros antes das demais economias. Quando o banco central inicia o ajuste monetário mais rápido, pontuou, o custo para a sociedade é menor.

Após fazer uma retrospectiva do enfrentamento da pandemia, que exigiu uma ação coordenada de estímulos fiscais e monetários para evitar uma depressão, o presidente frisou que a inflação e seus núcleos estão caindo em vários países emergentes, inclusive na América Latina.

Nesse ponto, ele frisou que a inflação cheia no Brasil foi a que mais caiu entre os emergentes. No entanto, as médias de núcleos, observadas pelo BC, caem lentamente, o que demanda cuidado.

Já nos países avançados, ponderou o presidente do BC, a inflação após uma queda, voltou a subir. "Isso é tema de muita preocupação", assinalou Campos Neto. Ele observou que as surpresas de crescimento na China estão para baixo, sendo que o efeito da retomada dos serviços no país não deve se perpetuar.

Campos Neto: Meu avô falava 'achei que vinha fazer o bem; me dei por contente em evitar o mal'

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, citou o seu avô, o economista Roberto Campos, ao se referir às limitações de seu cargo frente às pressões políticas em discurso feito durante premiação concedida à autarquia em Fortaleza, no Ceará.

"Meu avô, no final, falava 'achei que vinha para fazer o bem e me dei por contente em evitar o mal'. Tem um pouco disso na política", declarou Campos Neto nesta segunda-feira, 29.

Ele proferiu a palestra durante cerimônia de premiação pela inovação voltada ao desenvolvimento econômico, concedida pelo Conselho Regional de Economia do Estado do Ceará (Corecon-CE) e pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE).

Antes de discursar, Campos Neto recebeu homenagens de autoridades cearenses, entre elas o ex-governador do Ceará e ex-senador Tasso Jereissati, que, em pronunciamento curto disse que o País estaria enfrentando um descontrole inflacionário, com possível impacto na estabilidade institucional, não fosse a "coragem e a resistência" do presidente do BC.

"Poucos entendem o que devemos ao cara que está ali. Não sabia que você tinha o couro tão grosso", declarou Jereissati, dirigindo-se a Campos Neto.

Acompanhe tudo sobre:Roberto Campos NetoBanco CentralInflaçãoeconomia-brasileira

Mais de Economia

AGU pede revisão de parte da decisão de Dino que liberou emendas

Câmara adia votação do pacote de corte de gastos após impasse com STF por emendas

Reforma tributária: após reunião com Haddad, Braga diz que trabalha para fechar relatório até amanhã

Ceron: idade mínima para reserva de militares está em “revisão” e isenção do IR fica para 2025