Economia

Câmara conclui votação do projeto que reonera a folha de pagamentos; texto vai à sanção presidencial

O texto estabelece a retomada gradual da tributação a partir do próximo ano, com alíquota de 5% sobre a folha de pagamentos. Em 2026, serão cobrados 10% e, em 2027, 20%

Câmara dos Deputados: nas contas do governo, a desoneração da folha de pagamentos custará R$ 55 bilhões entre 2024 e 2027, dos quais R$ 26 bilhões somente neste ano (Leandro Fonseca/Exame)

Câmara dos Deputados: nas contas do governo, a desoneração da folha de pagamentos custará R$ 55 bilhões entre 2024 e 2027, dos quais R$ 26 bilhões somente neste ano (Leandro Fonseca/Exame)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 12 de setembro de 2024 às 00h06.

Última atualização em 12 de setembro de 2024 às 11h12.

Tudo sobreDesoneração da folha de pagamentos
Saiba mais

A Câmara dos Deputados concluiu nesta quinta-feira, 12, o texto-base do projeto de lei que reonera gradualmente a folha de pagamentos a partir de 2025. Cinco propostas de mudança ao texto foram votadas e derrubadas. O texto segue para sanção presidencial. A proposta tramitou no Congresso após o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar ao governo e ao Legislativo que encontrassem uma solução para acabar como beneficio fiscal que vigora para 17 setores da economia.

A desoneração reduzia a contribuição previdenciária sobre a folha de pagamentos de 17 setores por um percentual do faturamento. Em vez da empresa desembolsar 20% sobre a folha de cada funcionário, pagava de 1% a 4,5%, da receita bruta da empresa.

Essa norma foi prorrogada pelo Congresso em 2023, vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o veto foi derrubado pelo Legislativo. Por fim, o governo recorreu ao Judiciário com o argumento de que o benefício fiscal só poderia ser concedido se os parlamentares apontassem as fontes de compensações para a renúncia de receitas.

A decisão do STF determinou que o Legislativo e o Executivo apresentassem uma solução para o tema até 11 de setembro. Caso isso não ocorresse, a desoneração deixaria de valer em 12 de setembro.

Texto aprovado na Câmara

De acordo com o projeto aprovado na Câmara, a reoneração gradual da folha de pagamentos terá duração de três anos, de 2025 a 2027.

O texto mantém a desoneração integral em 2024, estabelecendo a retomada gradual da tributação a partir de 2025, com alíquota de 5% sobre a folha de pagamentos. Em 2026, serão cobrados 10% e, em 2027, 20%.

Durante toda a transição, a folha de pagamentos do 13º salário continuará integralmente desonerada.

Entre as soluções propostas para compensar a perda de arrecadação na transição estão:

  • a captura de depósitos esquecidos em contas por mais de cinco anos;
  • a abertura de um novo prazo de repatriação de recursos no exterior com taxas menores;
  • atualização do valor de bens (como imóveis) no IR, com desconto na cobrança;
  • programa de descontos para empresas que tenham multas vencidas em agências reguladoras;
  • a captura de depósitos judiciais;
  • a ampliação e modernização do Cadin.

Questionamento do Banco Central

Em ofício enviado ao Congresso, o Banco Central (BC) questionou o uso uso de depósitos esquecidos como recursos primários. Tradicionalmente, esses recursos entram no caixa do Tesouro e são contabilizados como receita financeira, que não afeta o resultado primário.

Cabe ao BC calcular os resultados primários e o texto determinava que esses recursos foram contabilizados para efeito de déficit e superátiv. Após o apontamento da autoridade monetária, uma emenda de redação foi feita ao texto para acabar com essa determinação.

Desconfiança do governo

Nas contas do governo, a desoneração da folha de pagamentos custará R$ 55 bilhões entre 2024 e 2027, dos quais R$ 26 bilhões somente neste ano. Com a reoneração gradual, o custo cai para:

  • R$ 18 bilhões em 2025
  • R$ 10 bilhões em 2026
  • R$ 1 bilhão em 2027

A equipe econômica, entretanto, teme que as medidas aprovadas pelo Congresso sejam insuficientes para cobrir o custo da desoneração. Segundo Ministério da Fazenda, os contribuintes devem usufruir de mais de R$ 30 bilhões na desoneração da folha de pagamentos em 2024. Para 2025, com o crescimento da massa salarial e com a economia aquecida, o custo do benefício fiscal deve chegar a R$ 35 bilhões.

O governo já enviou ao Congresso um projeto de lei para elevar as alíquotas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e dos Juros sobre Capital Próprio (JCP) caso as medidas definidas propostas pelo Congresso sejam insuficientes para bancar o benefício fiscal oferecido as empresas de 17 setores da economia.

Como mostrou a EXAME, em caso de frustração de receitas, o governo planeja tributar as big techs, que são grandes empresas de tecnologia e redes sociais. Entretanto, o governo não detalhou qual será a alíquota e a expectativa de arrecadação.

Outra proposta prevê a criação de imposto global mínimo de 15% que incide sobre grandes empresas multinacionais. Mais uma vez, a o Ministério da Fazenda detalhou o projeto e quando será enviado ao Legislativo.

Acompanhe tudo sobre:Desoneração da folha de pagamentos

Mais de Economia

Senado aprova projeto que formaliza regras para cooperativas de seguros; texto vai à sanção

Relatório de 1º projeto do pacote fiscal acaba com Seguro DPVAT

Senado aprova projeto de renegociação da dívida dos estados; texto vai para sanção de Lula

Superávit comercial do Brasil deve chegar a US$ 93,048 bilhões em 2025