Economia Brasileira; PIB; Moeda (Getty Images/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de fevereiro de 2023 às 09h32.
Com a indicação do Banco Central (BC) de que deve manter a taxa Selic em 13,75% por ainda mais tempo, a expectativa para os juros básicos no fim de 2023 se manteve estável, mas houve avanço nos anos seguintes.
No Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 6, a mediana para o fim de 2023 continuou em 12,50% ao ano, enquanto para o término 2024 avançou de 9,50% para 9,75%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,25% e 9,25%, nessa ordem.
Considerando apenas as 52 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 teve alta de 12,50% para 12,75%. Para o fim de 2024, permaneceu em 9,75%, com 50 atualizações na última semana.
No primeiro Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do governo Lula, o colegiado afirmou que a incerteza fiscal e a desancoragem de expectativas inflacionárias em prazos mais longos aumentam o custo da desinflação. O BC manteve pela quarta reunião consecutiva a taxa Selic em 13,75% ao ano.
"O Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período mais prolongado do que no cenário de referência será capaz de assegurar a convergência da inflação", destacou o BC.
O cenário de referência considera as estimativas da Focus para a Selic. Portanto, o BC indicou que provavelmente será necessário manter o juro em 13,75% para além de setembro, horizonte para qual o mercado financeiro esperava o primeiro corte até semana passada.
Na Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 passou de 8,50% para 9,00%, contra 8,00% de quatro semanas antes. O boletim ainda trouxe a projeção para a Selic no fim de 2026, que se manteve em 8,50%, de 8,00% há um mês.
As expectativas para a inflação voltaram a piorar no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 6. Desta vez, porém, de forma mais moderada.
A projeção para o IPCA - índice oficial de inflação - deste ano subiu de 5,74% para 5,78%, contra 5,36% há um mês. Para 2024, horizonte cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção também avançou, de 3 90% para 3,93%, de 3,70% há quatro semanas.
Considerando somente as 54 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2023 passou de 5,80% para 5,78%. Para 2024, variou de 3,94% para 4,00%, considerando 50 atualizações no período.
Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e com maior peso, de 2024. A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana está acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo que vai de 1,50% a 4,50%.
Na Focus, a mediana para o IPCA de 2025 continuou em 3,50%, de 3 30% há um mês. Da mesma forma, a estimativa para o IPCA de 2026 se manteve em 3,50%, contra 3,20% um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.
Os economistas do mercado financeiro mantiveram a projeção para a alta do índice de inflação oficial de janeiro no Boletim Focus. A mediana continuou em 0,55%, de 0,50% há um mês.
Para o IPCA de fevereiro, a estimativa subiu de 0,79% para 0,80% contra 0,70% um mês antes. Para março, a previsão para o indicador também avançou levemente, de 0,58% para 0,59%. Era de 0,49% há quatro semanas.
A expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses subiu de 5,63% para 5,69%, de 5,36% há um mês.
O cenário da moeda norte-americana em 2023 e 2024 ficou estável nesta semana no Relatório de Mercado Focus. A estimativa para o câmbio neste ano continuou em R$ 5,25. Há um mês, a mediana era de R$ 5,28. Para 2024, a mediana continuou em R$ 5,30, mesmo valor de quatro semanas antes.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
O Boletim Focus mostrou relativa estabilidade no cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. A mediana para a alta do PIB em 2023 passou de 0,80% para 0,79%, contra 0,78% há um mês. Considerando apenas as 32 respostas nos últimos cinco dias úteis a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 0,82% para 0 70%.
Apesar de não ter sido divulgado ainda, o PIB de 2022 não faz mais parte do Boletim. Para 2024, o Relatório Focus mostrou estabilidade na perspectiva de crescimento do PIB em 1,50%, mesma projeção de um mês atrás.
Para 2025, a mediana continuou em 1,89%, contra 1,90% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa para 2026, que está em 2,00% há 47 semanas.
A projeção para o déficit nominal em 2023 melhorou de uma semana para a outra no Boletim Focus. A mediana deficitária passou de 8 45% para 8,10% do PIB este ano. No Relatório, a projeção de déficit primário em 2023 continuou em 1,10% do PIB, de 1,20% quatro semanas antes.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Em relação ao indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2023, a estimativa aumentou de 61,40% para 61,45% do PIB, de 61,95% há um mês.
Os economistas do mercado financeiro aumentaram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira. A mediana deficitária para este ano passou de US$ 46,00 bilhões para US$ 47 bilhões, de US$ 46,55 bilhões um mês atrás
Para a balança comercial, a projeção continuou em US$ 57,60 bilhões, contra US$ 56,61 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana passou de US$ 52,40 bilhões para US$ 53,90 bilhões, de US$ 52,40 bilhões há quatro semanas.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes este ano. A mediana das previsões para o IDP em 2023 permaneceu em US$ 80,00 bilhões mesmo valor esperado há quatro semanas.