(Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 6 de março de 2023 às 09h45.
As expectativas inflacionárias para este e os próximos anos mostraram estabilidade no Boletim Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 6, embora bastante afastadas das metas. A projeção para o IPCA, índice oficial de inflação deste ano, seguiu em 5,90% após 11 altas consecutivas. Um mês antes, a mediana era de 5,78%. Para 2024, horizonte cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção continuou em 4,02% pela segunda semana seguida, de 3 93% há quatro semanas.
Considerando somente as 57 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2023 cedeu de 5,93% para 5,91%. Para 2024, variou de 4,05% para 4,01%, considerando 53 atualizações no período.
Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e com maior peso, de 2024. A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana está acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo que vai de 1,50% a 4,50%. A mediana para o IPCA de 2025 também continuou em 3,80%, de 3,50% há um mês.
Já a estimativa para o IPCA de 2026 avançou de 3,75% para 3,77%, contra 3,50% um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de fevereiro, o BC atualizou suas projeções para a inflação no cenário de referência com estimativas de 5,6% em 2023 e 3,4% para 2024. O colegiado ainda inseriu um cenário alternativo, em que a Selic fica estável por todo o horizonte relevante. Nesse cenário, as projeções são de 5,5% para 2023 e 2,8% para 2024. O Copom manteve a Selic em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida.
Os economistas do mercado financeiro mantiveram a projeção para a alta do IPCA de fevereiro no Boletim Focus. A mediana continuou em 0,78%, de 0,80% há um mês.
Para o IPCA de março, a estimativa subiu de 0,65% para 0,70%, contra 0,59% um mês antes. Para abril, a previsão para o indicador permaneceu em 0,61%. Era de 0,57% há quatro semanas.
Já a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses cedeu de 5,65% para 5,60%, de 5,69% há um mês.
O cenário da moeda norte-americana em 2023 e 2024 ficou estável nesta semana no Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira, 6. A estimativa para o câmbio neste ano continuou em R$ 5,25, mesmo valor esperado há um mês. Para 2024, a mediana permaneceu em R$ 5,30, repetindo a mediana de quatro semanas atrás. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 (2,9%), o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 6, mostrou novo avanço no cenário de crescimento econômico em 2023, ainda que marginal. A mediana para a alta do PIB em 2023 passou de 0,84% para 0,85%, contra 0,79% há um mês. Considerando apenas as 39 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023, por sua vez, cedeu de 0,90% para 0,85%.
Para 2024, o Relatório Focus mostrou estabilidade na perspectiva de crescimento do PIB em 1,50%, mesma projeção há dez semanas.
Em relação a 2025, a mediana seguiu em 1,80%, contra 1,89% de quatro semanas antes. O Focus ainda trouxe a estimativa para 2026, que está em 2,00% há 51 semanas.
A projeção para o déficit primário em 2023 melhorou no Boletim Focus, de 1,03% para 1,00% do PIB, contra 1,10% quatro semanas antes. Para o déficit nominal este ano, a mediana continuou em 7 85% na última semana, de 8,10% do PIB há um mês.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Em relação ao indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2023, a estimativa caiu de 61,23% para 61,00% do PIB, de 61,45% há um mês.
Para 2024, a projeção para o rombo primário cedeu de 0,80% para 0,75% do PIB, enquanto o déficit nominal previsto variou de 7 20% para 7,35% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 1,00% e 7,05% do PIB, nessa ordem.
No caso da dívida, a estimativa foi mantida em 64,00% do PIB, de 64,38% quatro semanas antes.
Os economistas do mercado financeiro reduziram a expectativa para o superávit da balança comercial em 2023 no Boletim Focus. A projeção cedeu de US$ 57,35 bilhões para US$ 57,00 bilhões, contra US$ 57,60 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana subiu de US$ 54,50 bilhões para US$ 55,00 bilhões, de US$ 53,90 bilhões há quatro semanas.
Em relação à estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023, a mediana deficitária continuou em US$ 50,00 bilhões, de US$ 47,00 bilhões um mês atrás. Para o ano que vem, a estimativa deficitária passou de US$ 50,25 bilhões para US$ 51,50 bilhões, de US$ 50,00 bilhões há quatro semanas.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano. A mediana das previsões para o IDP em 2023 permaneceu em US$ 80,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas. Para 2024, a estimativa também foi mantida em US$ 80,00 bilhões, repetindo a mediana de um mês antes.
Apesar da nova rodada de pressões realizada pelo governo federal sobre o Banco Central (BC) na semana passada com vistas à queda de juros, a expectativa para a taxa Selic se manteve estável para o fim de 2023, 2024 e 2025 no Boletim Focus.
A mediana para os juros básicos no fim de 2023 continuou em 12 75% ao ano, enquanto para o término de 2024 se manteve em 10 00%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,50% e 9,75%, nessa ordem.
Considerando apenas as 44 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 cedeu de 13,00% para 12,75%. Para o fim de 2024, também baixou, de 10,25% para 10,00%, com 42 atualizações na última semana.
No primeiro Comitê de Política Monetária (Copom) no novo governo Lula, em fevereiro, o colegiado afirmou que a incerteza fiscal e a desancoragem de expectativas inflacionárias em prazos mais longos aumentam o custo da desinflação. Naquela oportunidade, o BC manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela quarta reunião consecutiva.
Após ataques diretos e incessantes de Lula, seus ministros e do PT, o presidente do BC considerou os questionamentos do governo sobre o nível de juros justos e avaliou que o órgão pode ser mais didático para explicar o motivo pelo qual a Selic está neste nível elevado. Ele ainda indicou que quer trabalhar junto com o governo e sinalizou que o avanço da agenda de reformas é o caminho para uma queda de juros mais célere, e não a mudança da meta de inflação.
Na Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 9 00%, mesma mediana de quatro semanas atrás. O boletim ainda trouxe a projeção para a Selic no fim de 2026, que subiu de 8 50% para 8,75%, de 8,50% um mês antes.