Economia

BC admite 83% de chance de estourar meta de inflação em 2023

Autoridade monetária vê piora nas projeções de inflação para longo prazo, o que eleva o custo para reduzi-la e implica em taxas de juros mais altas por mais tempo, apesar da pressão do governo

As informações estão no Relatório de Inflação, divulgado nesta quinta-feira (Getty/Getty Images)

As informações estão no Relatório de Inflação, divulgado nesta quinta-feira (Getty/Getty Images)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 30 de março de 2023 às 09h19.

Última atualização em 30 de março de 2023 às 09h42.

O Banco Central (BC) admite que há 83% de chance de estourar a meta de inflação estipulada para 2023, mas diz que manterá a condução da política monetária para cumprir essas metas. As informações estão no Relatório de Inflação, divulgado nesta quinta-feira. Na prática, a tendência é de manutenção de taxas de juros mais elevadas por mais tempo, apesar da forte pressão do governo por reduções na Selic.

“O Comitê avalia que a desencorajem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional”, diz o texto.

Veja também:

Para 2023, a meta de inflação é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Mas a expectativa do mercado é de que o índice feche o ano em torno de 6%. Com isso, a probabilidade de estouro da meta passou de cerca de 57% no relatório anterior, divulgado em dezembro de 2022, para 83% nesta revisão.

“Por um lado, a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo. Por outro lado, a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária. O Comitê avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas. Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas”, diz o BC.

A piora nas expectativas de inflação também tiveram impacto significativo nas projeções para os próximos anos, avaliou o BC, que tem por termômetro as expectativas coletadas na pesquisa Focus, que traz a avaliação do mercado. Para 2023, a mediana aumentou de 5,08% para 5,95%. Com a Para 2024, a mediana de inflação subiu de 3,50% para 4,11%; e para 2025 passou de 3,00% para 3,90%. Para esses dois anos, a meta de inflação foi fixada em 3%, também com tolerância de 1,5 p.p. para mais ou para menos.

Aumento no PIB

O BC também revisou a projeção para o PIB em 2023 e viu um pequeno crescimento: passou de 1% para 1,2%. “A revisão moderada reflete, especialmente, surpresas positivas em alguns componentes do setor de serviços no quarto trimestre de 2022, melhora nos prognósticos para a indústria extrativa e os primeiros indicadores do primeiro bimestre de 2023”, diz o relatório.

Mesmo com a revisão, o BC alerta que a projeção segue refletindo um cenário de desaceleração da atividade econômica em 2023.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraInflaçãoPIB do BrasilBanco Central

Mais de Economia

Chinesa GWM diz a Lula que fábrica em SP vai produzir de 30 mil a 45 mil carros por ano

Consumo na América Latina crescerá em 2025, mas será mais seletivo, diz Ipsos

Fed busca ajustes 'graduais' nas futuras decisões sobre juros