Economia

Prévia do PIB tem tombo recorde de 11% no segundo trimestre

Indicador do BC aponta recuperação em junho, com alta de 4,9% na comparação com o mês anterior, mas ainda insuficiente para compensar a queda de abril

AO

Agência O Globo

Publicado em 14 de agosto de 2020 às 09h58.

Última atualização em 14 de agosto de 2020 às 11h08.

Economia brasileira: Prévia do PIB, mostrou recuo de 0,68% entre janeiro a março de 2019. Foto: Ingo Roesler / Getty Images

Foto: Ingo Roesler / Getty Images (Ingo Roesler/Getty Images)

No segundo trimestre deste ano, o país registrou a maior queda na economia desde 2003, início da série histórica do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). A redução de 11% na comparação com o trimestre anterior foi divulgada nesta sexta-feira.

O resultado foi o segundo consecutivo de queda na comparação trimestral. Os primeiros três meses do ano já registravam uma redução de 2% na comparação com o trimestre anterior, principalmente puxado pela queda em março, que foi de 6,1%.

Já a queda recorde do segundo trimestre foi puxada por um tombo histórico em abril, que chegou a 9,6%. Essa redução foi seguida de dois números positivos em maio, de 1,6% e junho, de 4,9%, que, no entanto, não foram suficientes para compensar o tombo. Na comparação com o mesmo mês de 2019, junho registrou queda de 7%.

O resultado de junho reflete os números da produção industrial e do setor de serviços. A indústria registrou um avanço de 8,9%, segundo mês consecutivo de resultados positivos. Já nos serviços, junho foi o primeiro mês positivo depois de quatro meses de queda.

Projeções

O resultado do IBC-Br do mês veio um pouco abaixo das projeções do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), que esperava um crescimento de 5,3% em relação a maio deste ano e uma queda de 6,8% na comparação com junho de 2019.

Luana Miranda, economista do Ibre, acredita que o resultado do mês não foi uma surpresa por conta das incertezas que pairam na economia. Segundo Miranda, a retomada deve continuar no terceiro trimestre, mas desacelerar no fim do ano.

— As medidas de auxílio do governo estão sendo bastante significativas nesse processo de recuperação e no terceiro trimestre elas ainda estarão em vigor. No entanto, no quarto, pelo menos até o momento. não vamos ter mais essas medidas de auxílio. Então deve haver uma piora da renda, dos indicadores do mercado de trabalho como um todo. Nesse caso, esse processo de recuperação pode ser mais lento no quarto trimestre.

De acordo com as projeções do Ibre, a atividade econômica só voltaria para os níveis pré-crise em 2022.

— Se a gente tiver uma paralisação desses benefícios, vamos ver essa questão da piora da renda e da dificuldade recuperação no ano que vem. A situação fiscal e do mercado de trabalho são as principais preocupações para 2021 — disse a economista.

O IBC-Br é uma prévia aproximada do Produto Interno Bruto (PIB) calculada pela autoridade monetária e ajuda o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, que hoje está em 2%.

O índice incorpora informações sobre o nível de atividade em indústria, comércio, serviços e agropecuária, além do volume de impostos.

Já o PIB, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é mais abrangente e também se baseia, por exemplo, em índices de orçamentos familiares e inflação. É a soma de tudo que foi produzido no país.

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