Economia

Arminio Fraga diz que Brasil vive "obscurantismo" no atual governo

Ex-presidente do Banco Central destacou ainda que o governo precisa entender que a economia "não caminha sozinha no vácuo"

Fraga: para economista, é preciso criar um ambiente amplo e favorável para crescimento, geração de emprego, renda e melhor bem-estar social (Lela Beltrão/Exame)

Fraga: para economista, é preciso criar um ambiente amplo e favorável para crescimento, geração de emprego, renda e melhor bem-estar social (Lela Beltrão/Exame)

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Reuters

Publicado em 18 de outubro de 2019 às 12h41.

Rio de Janeiro — O Brasil vive um momento de "obscurantismo" no atual governo e mesmo uma agenda econômica boa não será suficiente para fazer a economia deslanchar, avaliou nesta sexta feira o economista e ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga.

Para ele, a instabilidade política atual deixa o empresário ainda mais cauteloso para investir no país.

"A atitude geral sinaliza um obscurantismo e libera energias que não deveriam ser liberadas. É uma coisa mais truculenta e menos tolerante e, no fundo, menos positiva", disse ele a jornalistas em evento no Rio de Janeiro.

Fraga destacou ainda que o governo precisa entender que a economia "não caminha sozinha no vácuo" e que é preciso criar um ambiente amplo e favorável para crescimento, geração de emprego, renda e melhor bem-estar social.

"Para destravar mais (a economia) seria necessário mais do que a área econômica consegue fazer sozinha. Estou incluindo temas de natureza distributiva que vão além do moral. As reformas são importantes, mas precisamos ir muito além", avaliou.

"(A instabilidade política das últimas semanas) deixa o empreendedor ainda mais apreensivo. A lição que temos que aprender, e já deveríamos ter aprendido, é que a economia não funciona no vácuo. Ela precisa se conectar ao social, à realidade e às nossas dificuldades gerais, inclusive políticas."

Apesar das preocupações, o ex-presidente do BC acredita que a economia brasileira poderá registrar crescimento ao longo dos próximos anos, embora em um ritmo lento e gradual.

As projeções do governo apontam uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 de 0,85%, de acordo com projeção divulgada em setembro pela secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia.

"É difícil prever quanto vai ser (o crescimento lento e gradual). Prever economia é difícil, ainda mais num ambiente político complicado, polarizado e muito envenenado", completou Fraga.

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