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"Sem investimentos privados para economia de baixo carbono não vamos a lugar nenhum", diz o consultor Paulo Muçouçah na Conferência Ethos 360º
Marina Filippe
Publicado em 3 de setembro de 2019 às 11h38.
Última atualização em 3 de setembro de 2019 às 15h26.
São Paulo — Na 21ª Conferência das Partes, nasceu o Acordo de Paris e, a partir dele aContribuição Nacionalmente Determinada(NDC Brasil), um compromisso dereduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025, com uma indicação subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030.
A análise do que está de fato sendo feito para alcançar a meta acontecerá na Conferencia Brasileira de Mudança do Clima em novembro, mas foi discutido já nesta terça-feira, 03, na Conferência Ethos 360º.
Com o atual cenário de incêndios na Amazônia, e a retirada da candidatura brasileira para sediar a 25ª Conferência do Clima da ONU (COP-25), as lideranças do setor reforçam a importância da sociedade civil e privada no atingimento das metas.
O salto da política nacional de mudanças climáticas acontece quando as empresas incorporaram a questão ao seus negócios. "Sem investimentos privados para economia de baixo carbono não vamos a lugar nenhum", diz Paulo Muçouçah, consultor independente de assuntos ambientais.
Para o consultor, também é necessário que as organizações sociais comecem a cumprir a sua função junto aos governos locais, sejam eles municipais ou estaduais.
A descarbonização da economia também depende também de atitudes individuais cada vez mais discutidas, como a diminuição do uso de plástico ou de consumo de carne.
Um exemplo que ilustra essa necessidade é que àmedida que o Brasil se consolida como um grande fornecedor de proteína animal, com um crescimento acumulado na produção de carne bovina estimada em 10,4% entre 2017 e 2021, cresce a preocupação sobre o volume de água usado nessa produção.Na média mundial, o volume de água necessário para produzir 1 kg de carne bovina é de 15,4 mil litros.
Para CassiaMoraes, fundadora e presidente da Youth Climate Leaders, as jovens lideranças têm sido essenciais na mudança positiva do clima. Segundo ela, metade dos jovens da rede já são veganos ou vegetarianos. A organização ambiciona ter 1 milhão de jovens na rede globalmente até 2030.
"Não é a toa que grandes redes de fast food estão investindo em opções veganas. Elas enxergam o potencial em um consumidor social e ambientalmente consciente", afirma.
De todo modo, há ainda muito trabalho a ser feito. Victor Salviati, coordenador de projetos especiais da Fundação Amazonas Sustentável, reforça que os esforços para as mudanças climáticas são perenes e não se esgotam em um evento.
"Para que o cenário mude é preciso que as divergências política se tornem convergências em busca de um mesmo propósito ambiental", diz.