Economia

4 transições para ficar de olho em 2017, segundo o Goldman Sachs

Líderes populistas que aumentam gastos e cortam regulação: é esse o cenário geral que o banco americano está vendo para a economia global em 2017

 (vencavolrab/Thinkstock)

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João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 3 de janeiro de 2017 às 13h24.

Última atualização em 3 de janeiro de 2017 às 13h32.

São Paulo - Achou que 2016 foi turbulento? 2017 promete mais emoções.

Veja quais são as 4 transições previstas para a economia, com foco no mundo desenvolvido, de acordo com relatório recente do banco americano Goldman Sachs:

Apoiadores de Trump

  • Do globalismo para o populismo

O que a vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos e a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia (Brexit) tem em comum?

Ambas expressam a insatisfação popular com o fluxo cada vez maior de pessoas, comércio e investimento que marcou as últimas décadas da economia global.

A força dessa tendência será testada em 2017. Que forma e intensidade terá o protecionismo de Trump? Como seus parceiros vão responder? Como ficará o acordo final entre Reino Unido e UE?

"Economias emergentes que se beneficiaram do comércio global estarão mais sujeitas a ventos contrários, notavelmente China e México", diz o banco. O Brasil é muito fechado e não deve ser tão afetado.

Enquanto isso, a extrema direita antieuropeia e anti-imigração deve ganhar força (ou até vencer) nas eleições da Holanda (março), França (abril/maio) e Alemanha (setembro/outubro).

Construção

  • 2. Da política monetária para a fiscal

Desde a crise, os bancos centrais do mundo desenvolvido sustentaram a recuperação com uma política monetária frouxa e programas de compra de ativos enquanto os governos insistiam na austeridade.

Isso está mudando. O Federal Reserve aumentou os juros duas vezes no ano passado enquanto Trump promete cortar impostos e gastar mais com infraestrutura: injeção fiscal (e aumento da dívida) na veia.

Na Europa e no Japão, os juros já estão muito baixos ou até negativos. A estratégia se esgotou e não pode ser aprofundada, mas reversão mesmo só se inflação e crescimento reagirem com maior vigor.

No Brasil, o cenário é oposto: os gastos foram congelados pela inflação para os próximos 20 anos e o alívio deve vir do corte dos juros.

moedas

  • Da estagnação para a inflação

Além dos juros baixos, a outra marca do período pós-crise no mundo desenvolvido foi a inflação persistentemente baixa - o que também está mudando.

Nos EUA, os preços sobem por causa do crescimento saudável e do mercado de trabalho mais apertado. Trump promete gastar mais, fechar a economia e restringir a imigração - todas políticas inflacionárias.

Tudo indica que a queda do petróleo, um dos grandes fatores que derrubaram preços e custos, ficou no passado. Isso é positivo para os preços de ativos, e o mercado de ações tem reagido com otimismo.

O Brasil está em outra direção, com a inflação em queda diante da recessão, alto desemprego e juros estratosféricos.

Pilha de papéis

  •  Da regulação para a desregulação

Uma pesquisa da Bloomberg com os pequenos negócios americanos aponta a regulação como a maior preocupação, na frente até dos impostos.

As campanhas de Trump e do Brexit insistiram nesse ponto, e 2017 pode ser o ano em que várias políticas do pós-crise serão enfraquecidas ou desmanteladas.

Alguns alvos: a reforma de saúde de Obama, as novas leis de controle do setor financeiro e os estímulos à energia limpa.

A China também deve fazer seus movimentos de mudança, mas com foco total na estabilidade diante da volatilidade externa e da necessidade de evitar movimentos de fuga de capital como os do início de 2016.

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