4 gráficos que explicam a economia da China em 2015
China divulgou hoje os seus piores dados de crescimento desde 1990: investimento e produção pesada estão esfriando rápido, o que preocupa o mundo
João Pedro Caleiro
Publicado em 19 de janeiro de 2016 às 13h16.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h21.
São Paulo - A China revelou hoje os seus aguardados números de crescimento em 2015. A taxa final ficou em 6,9%: a menor em 25 anos, mas dentro do que esperavam os analistas - e de forma um tanto suspeita, exatamente na meta do governo. Como os chineses só andavam dando más notícias desde que o ano começou, o mercado reagiu com modesto otimismo, até porque há uma perspectiva de que o governo responda com mais estímulos econômicos. A China ganhou uma importância gigantesca nas últimas décadas. É a maior economia do mundo em paridade de poder de compra e a segunda em valores nominais, além do maior ator comercial e consumidor de commodities do planeta. Veja o que está acontecendo com a economia chinesa e porque isso importa para o mundo:
Os dados de investimento tem duas facetas. Por um lado, é clara a queda do patamar de crescimento (de 15% em 2014 para 10% em 2015) e isso empurra toda a economia para baixo. Na China, o investimento tem um peso forte e totalmente fora do padrão mundial: mais de 40% do PIB, quando na maioria dos emergentes é de cerca da metade disso. Por outro lado, todo mundo concorda que a China não quer e nem poderia continuar dependente de investimento pesado para crescer, até porque os retornos tendem a ser decrescentes.
De acordo com um relatório recente do banco Credit Suisse, "há uma popularidade crescente da 'economia de oferta' entre os fazedores de decisão em Beijing. Apesar disso ser positivo no longo prazo, é negativo para o crescimento no curto prazo". As consequências do foco em eliminar o excesso de capacidade industrial são "redução do inventário imobiliário e desalavancagem financeira. Isso está acontecendo e plantas de aço, fábricas de cimento e minas de carvão estão sendo fechadas". É o que ilustra a imagem.
O crescimento anualizado da produção industrial chinesa caiu dois pontos percentuais em dezembro de 2015 em relação ao balanço de 2014, uma desaceleração. Isso já vinha sendo apontado pelos Índices de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) e é uma das preocupações dos mercados globais, já que a China responde por um terço da produção industrial do mundo (contra 5% em 1990). A esperança é que outros setores ocupem o espaço que a indústria está deixando: o chamado "rebalanceamento", que emite sinais contraditórios. A renda per capita disponível dos chineses cresceu 7,4% no ano e o setor terciário cresceu mais de dois pontos percentuais e passou dos 50% do PIB. Já as vendas do varejo cresceram 10,7% - um numero respeitável, porém menor do que os 12% de 2014.
Um estudo da OCDE de fevereiro de 2015 já notava que a indústria do aço estava produzindo em um nível de apenas 77% da sua capacidade. Com os números de hoje, tudo indica que a questão deve ter piorado ainda mais. De acordo com o Credit Suisse, 2016 pode marcar o início de fechamentos e demissões no setor: "praticamente todas as plantas de aço estão operando com perdas com os preços atuais, e um corte voluntário da produção para segurar as exportações parece improvável".
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