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Brasil visto do exterior

O jornalista Larry Rohter, que durante muitos anos trabalhou no Brasil como correspondente da revista Newsweek e do The New York Times, lançou recentemente nos Estados Unidos, instigante livro que acabei de ler com o titulo “Brasil on the rise” (sem publicação ainda em português). Larry Rohter  foi o jornalista que Lula quis expulsar do Brasil porque disse, em um dos seus artigos, que Lula bebia demais. Não conseguiu devido […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 22 de outubro de 2010 às, 07h00.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 10h58.

O jornalista Larry Rohter, que durante muitos anos trabalhou no Brasil como correspondente da revista Newsweek e do The New York Times, lançou recentemente nos Estados Unidos, instigante livro que acabei de ler com o titulo “Brasil on the rise” (sem publicação ainda em português). Larry Rohter  foi o jornalista que Lula quis expulsar do Brasil porque disse, em um dos seus artigos, que Lula bebia demais. Não conseguiu devido a grande reação da imprensa brasileira e pela ilegalidade da medida. O titulo do livro que pode ser traduzido como “Brasil em ascensão” é apreciação bastante honesta da sociedade e do governo brasileiros. Em seus vários capítulos, trata das origens, dos pecados, do mito de sermos paraíso racial, do estilo de vida tropical, da criatividade cultural, do Brasil. Comenta os progressos da indústria, como somos superpotência em agricultura e os avanços no campo da energia, principalmente nas áreas do etanol e das hidroelétricas. Destaca as artes e a musica brasileiras, principalmente depois do advento da bossa nova, que hoje constituem atração no mundo todo. O mais importante é o capitulo que trata dos avanços no campo da indústria e da agricultura. Ressalta que, três quartos de toda produção industrial da América Latina ocorre no Brasil. Cita o caso da “AmBev”, resultante da fusão da “Brahma” com a “Antártica” e sua fusão com a belga “Inter” para formar a “InBev”  que, depois adquiriu  a americana “Anheuser-Bush”, tornando-se a maior produtora de cerveja do mundo. E não esqueceu  que a “Embraer” é hoje a terceira maior indústria aeronáutica do mundo.

No campo da agricultura e correlatos, cita a “JBS Friboi”, firma brasileira que se tornou a maior processadora de carne bovina do mundo, e que temos o maior rebanho bovino do mundo, além de sermos o maior produtor e exportador mundial de laranja e suco de laranja, algodão, soja, milho, carnes de boi e de frangos, café , açúcar e óleos vegetais, para só citar alguns produtos. Destaca também o extraordinário trabalho da “Embrapa- Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias” que, pelas suas pesquisas em agricultura, tornou-se a maior pesquisadora mundial no campo da agricultura tropical. Transcreve o que Norman Borlaug, pai da chamada grande revolução verde e, ganhador do Premio Nobel da Paz, disse-lhe em 2007: “tendo transformado a imensa área do cerrado brasileiro em um das maiores zonas de produção agrícola do mundo, a Embrapa e seus cientistas mereciam o reconhecimento mundial por um dos maiores feitos realizados na ciência da agricultura, em todo século vinte.”

Mas, o livro não é só elogios. Cita, com razão, o longo período da existência da escravidão no Brasil que traz conseqüências como os resquícios de preconceitos raciais que se observam até hoje, a famosa mania de resolver as coisas com jeitinho e, o modo de querer escapar da lei com o célebre “sabe com que está falando?”. Destaca também a corrupção nas várias camadas do governo, e na obtenção de favores ilegais por empresários inescrupulosos, coisas que nos todos sabemos.

E, termina concluindo que, com os avanços obtidos, o Brasil está se tornando país sério e confiável.

Poderia encher várias paginas com a correta apreciação deste jornalista sobre os defeitos e qualidades que, a seu ver, abundam no Brasil. Aconselho os brasileiros, principalmente os atuais candidatos à Presidência da República, a lerem este notável livro. Assim, poderiam meditar sobre a realidade brasileira, vista por quem vive no exterior.