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Indústria 4.0: onda ou marola?

Mais do que tecnologia, as empresas precisam do apoio de políticas públicas para embarcarem nessa nova era

Indústria 4.0: cabe ressaltar que o conceito não envolve só o uso de tecnologia (Germano Lüders/Reuters Brazil)
Indústria 4.0: cabe ressaltar que o conceito não envolve só o uso de tecnologia (Germano Lüders/Reuters Brazil)
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Gabriel Petrus

Publicado em 7 de dezembro de 2018 às, 19h34.

Última atualização em 7 de dezembro de 2018 às, 19h34.

O fim do ano se aproxima com a expectativa do que será 2019, em especial quando o assunto é o futuro do país e as primeiras decisões do novo governo que assume a partir de 1º de janeiro. Muitas das discussões já foram lançadas e nomes estão anunciados. Porém, importantes temas ainda não foram provocados e precisam entrar na pauta.

Já discutimos aqui a inovação como um dos importantes drives de crescimento para a economia brasileira e, consequentemente, para que o Brasil passe a figurar entre as nações protagonistas do comércio internacional. E isso passa pela Indústria 4.0.

Indústria 4.0 não é só uso de tecnologia. Esse tema toca todo o ecossistema de empresas, universidades governos e trabalhadores. O futuro da indústria passa pelo futuro do trabalho. No âmbito das companhias, são necessários investimentos em tecnologia e pesquisas, adaptação de processos, treinamento de pessoas, busca por competitividade. Olhar o futuro como oportunidade e desbravar os caminhos para chegar lá mais fortes e integrados com a necessidade dos seus clientes – estejam esses clientes no Brasil, na China ou em qualquer outro lugar do mundo.

Do lado dos governos, uma pesquisa apresentada pela Business Software Alliance nesta segunda-feira, aqui no Brasil, aponta dois caminhos fundamentais: desburocratização e infraestrutura. Desburocratização toca, principalmente, simplificação tributária. Mas não é só isso. Existem muitas possibilidades de avanços em outras frentes como como processos aduaneiros e gestão fiscal.

Infraestrutura passa, principalmente, por telecomunicações. É preciso ter conectividade para que as empresas possam operar longe dos grandes centros urbanos. Redes capazes de suportar o funcionamento de servidores robustos e que ofereçam segurança de operação – segurança física e cibernética. Na Indústria 4.0, os sistemas são cada vez mais sofisticados e respondem por novas etapas de processos produtivos.

O cenário é de otimismo. Segundo o estudo: 41 por cento das empresas brasileiras podem esperar receita adicional, 32 por cento podem prever custos mais baixos e 41 por cento podem esperar ganhos de eficiência nesta nova era industrial. Impactos positivos não só para grandes companhias, mas também para as pequenas e médias empresas que, cada vez mais fortalecidas, se habilitam a novas fronteiras de negócio, fazendo com que a abertura comercial seja essencial.

Qualquer que seja a orientação do novo governo, para o Brasil embarcar na Indústria 4.0, é preciso que Estado, setor privado e academia construam um projeto comum de longo prazo, que traga não apenas novos horizontes para a economia do país, mas também novas oportunidades para todos os brasileiros, empresários e trabalhadores. Se não aproveitarmos essa oportunidade corremos o risco de que a onda global do 4.0 se torne apenas uma marola no Brasil.