O telescópio Webb revela um buraco negro em crescimento acelerado no universo primitivo, desafiando teorias sobre a formação de supermassivos. (Nasa/Reprodução)
Redator na Exame
Publicado em 6 de novembro de 2024 às 11h37.
A descoberta de buracos negros supermassivos no universo primitivo está intrigando astrônomos e desafiando modelos atuais de formação de buracos negros. O telescópio James Webb, lançado pela Nasa em 2022, revelou um desses objetos enigmáticos, chamado LID-568, que oferece novas pistas sobre como esses gigantes cósmicos podem ter se formado e crescido tão rapidamente. As informações são da Reuters.
Em sua última observação, o Webb detectou que o buraco negro LID-568, situado a cerca de 1,5 bilhão de anos após o Big Bang, cresce a uma taxa surpreendente. Estima-se que LID-568 tenha uma massa aproximadamente 10 milhões de vezes maior que a do Sol, superando significativamente o buraco negro central da Via Láctea, Sagitário A. O estudo sobre essa observação, liderado pelo astrônomo Hyewon Suh, foi publicado recentemente na revista Nature Astronomy.
Buracos negros como LIeD-568 aumentam de massa ao absorver material ao seu redor, como gás, poeira e estrelas que se aproximam demais. Esse processo de crescimento, chamado de acreção, ocorre a um ritmo que excede o limite teórico máximo conhecido, o limite de Eddington. Esse limite teórico prevê que a radiação liberada pelo material em queda equilibre a força gravitacional do buraco negro, limitando a quantidade de material que ele pode consumir. No caso de LID-568, no entanto, o buraco negro parece ultrapassar esse limite em mais de 40 vezes.
As observações do telescópio Webb sugerem que LID-568 pode ter passado por um episódio singular de acreção rápida, o que explicaria seu crescimento exponencial. Esse processo pode fornecer uma explicação sobre como esses buracos negros massivos se formaram tão cedo no universo, com apenas uma fração da idade atual do cosmos.
A primeira identificação de LID-568 foi realizada pelo Observatório de Raios-X Chandra, da NASA, e sua análise detalhada foi feita com a ajuda do telescópio Webb, utilizando capacidades infravermelhas. As emissões em raios-X, sinais de alta energia gerados pelo material aquecido ao redor do buraco negro, foram um indicativo inicial do processo de acreção intensa.
Os cientistas ainda buscam entender os mecanismos que permitem a esses buracos negros crescer em taxas tão elevadas e estudar a possibilidade de fatores desconhecidos estarem atuando. “LID-568 destaca-se pela sua taxa extrema de crescimento e pelo fato de existir tão cedo no universo,” afirmou Suh.
Essas descobertas apontam para a necessidade de mais dados para decifrar o fenômeno, e os astrônomos já planejam novas observações com o telescópio Webb para aprofundar o conhecimento sobre o crescimento de buracos negros no início do universo.