Ciência

Startup quer 'engrossar' gelo no Ártico para conter aquecimento global

Eficácia do método é questionada por especialistas

Alguns cientistas preveem que o Ártico poderá ter um verão sem gelo já na década de 2030 (Daniel Viñé Garcia/Getty Images)

Alguns cientistas preveem que o Ártico poderá ter um verão sem gelo já na década de 2030 (Daniel Viñé Garcia/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 07h15.

Uma startup está tentando provar que pode restaurar o gelo marinho do Ártico do Canadá e assim enfrentar a crise climática.

Segundo a CNN, o plano da Real Ice é "engrossar" o gelo de 999,6 mil quilômetros quadrados, uma área mais que o dobro do tamanho da Califórnia. É um plano ousado e uma das muitas propostas controversas de geoengenharia para salvar as regiões polares vulneráveis ​​do planeta - como a instalação de uma "cortina" subaquática gigante para proteger as camadas de gelo.

Alguns cientistas criticaram os métodos da Real Ice como "sem comprovação", "ecologicamente arriscados" e sendo uma "distração" do enfrentamento da principal causa das mudanças climáticas: os combustíveis fósseis.

Mas a empresa diz que seu projeto é inspirado em processos naturais e oferece uma última chance de proteger um ecossistema em extinção, já que o planeta não está conseguindo agir rapidamente a respeito das mudanças climáticas.

A crise do Ártico

O gelo marinho do Ártico está diminuindo à medida que os humanos continuam a provocar o aquecimento global queimando combustíveis fósseis. Desde meados da década de 1980, a quantidade de gelo espesso diminuiu em 95% na região. O gelo que resta é um gelo "jovem e fino". Alguns cientistas preveem que o Ártico poderá ter um verão sem gelo já na década de 2030.

A perda de gelo marinho é um problema global. Sua superfície branca brilhante reflete a energia do sol de volta ao espaço, resfriando o planeta. Quando derrete, a parte do oceano mais exposta abaixo é capaz de absorver mais raios solares. É um ciclo vicioso — o aquecimento global derrete o gelo e o gelo derretido sobrecarrega o aquecimento global.

A Real Ice estima que o custo desse seu processo seja entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões por ano para engrossar o gelo em mais de 999,6 mil quilômetros quadrados, uma área que acredita ser grande o suficiente "para ser eficaz em desacelerar e até mesmo reverter as perdas de gelo marinho de verão no Ártico", segundo a empresa disse à CNN.

A Real Ice é principalmente financiada com dinheiro de investidores. Eventualmente a startup recebe aportes de um fundo global ou de governos. Eles também imaginam vender "créditos de resfriamento", onde os poluidores pagam pelo recongelamento do gelo para "compensar" sua própria poluição.

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