Ciência

Sem sintomas e mortal: bactéria rara se espalha em ritmo recorde no Japão

Autoridades estão lutando para identificar a causa do fenômeno

Publicado em 20 de março de 2024 às 13h15.

Última atualização em 20 de março de 2024 às 13h22.

Uma infecção bacteriana rara, mas perigosa, está se espalhando a uma taxa recorde no Japão. As autoridades estão lutando para identificar a causa do fenômeno. 

O número de casos da doença estreptocócica do grupo A, também conhecida como síndrome do choque tóxico estreptocócico (STSS), deve bater novo recorde em 2024, depois de atingir alta histórica em 2023. 

A presença de cepas da bactéria que causa a doença potencialmente mortal foi confirmada no Japão. Dados provisórios divulgados pelo Instituto registraram 941 casos de STSS relatados no ano passado. Nos primeiros dois meses deste ano, 378 casos já foram registrados, com infecções identificadas em todo o Japão.

O Instituto Nacional de Doenças Infecciosas disse que "ainda há muitos fatores desconhecidos em relação aos mecanismos por trás das formas fulminantes [severas e repentinas] de estreptococos, e não estamos no estágio em que podemos explicá-los.”

Embora os idosos sejam considerados em maior risco, a cepa do grupo A está levando a mais mortes entre pacientes com menos de 50 anos, de acordo com a autoridade. Dos 65 indivíduos com menos de 50 anos diagnosticados com STSS entre julho e dezembro de 2023, cerca de um terço, ou 21, morreu, segundo o jornal Asahi Shimbun.

A maioria dos casos de STSS é causada por uma bactéria chamada Streptococcus pyogenes. Mais comumente conhecida como estreptococo do grupo A, que pode causar dores de garganta, principalmente em crianças, e muitas pessoas são assintomáticas.

Mas a bactéria altamente contagiosa que causa a infecção pode, em alguns casos, causar doenças graves, complicações de saúde e morte, principalmente em adultos com mais de 30 anos. Cerca de 30% dos casos de STSS são fatais.

Os idosos podem experimentar sintomas semelhantes aos de um resfriado, mas em casos raros, os sintomas podem piorar para incluir dor de garganta, amigdalite, pneumonia e meningite. Nos casos mais graves, pode levar à falência de órgãos e necrose.

Alguns especialistas acreditam que o rápido aumento de casos no ano passado estava relacionado à suspensão das restrições impostas durante a pandemia de coronavírus.

Em maio de 2023, o governo rebaixou o status do covid-19 de classe dois — que inclui tuberculose e Sars — para classe cinco, colocando-o em pé de igualdade legal com a gripe sazonal. A mudança significou que as autoridades locais não podiam mais ordenar que pessoas infectadas se afastassem do trabalho ou recomendar hospitalização.

As infecções estreptocócicas, assim como as de covid-19, são transmitidas por gotículas e contato físico. A bactéria também pode infectar pacientes por meio de feridas. 

As infecções por estreptococos do grupo A são tratadas com antibióticos, mas pacientes com a forma mais grave da doença geralmente precisam de uma combinação de antibióticos e outros medicamentos, juntamente com atenção médica intensiva.

O Ministério da Saúde do Japão recomenda que as pessoas adotem as mesmas precauções básicas de higiene contra o estreptococo do grupo A que se tornaram parte da vida cotidiana durante a pandemia de coronavírus.

"Queremos que as pessoas tomem medidas preventivas, como manter as mãos limpas e praticar a etiqueta da tosse", disse o ministro da Saúde no início deste ano, de acordo com o Japan Times.

Acompanhe tudo sobre:DoençasJapão

Mais de Ciência

Cigarro eletrônico pode afetar saúde vascular e níveis de oxigênio — mesmo sem nicotina

De radiação à gravidade: passar meses no espaço faz mal ao corpo humano?

Mergulhadores descobrem maior animal marinho do mundo — e não é a baleia azul

20 frases de Albert Einstein para a sua vida