Coronavírus: Rússia é o quarto país mais afetado pela doença (Gavriil GrigorovTASS/Getty Images)
Tamires Vitorio
Publicado em 13 de julho de 2020 às 10h53.
Última atualização em 13 de julho de 2020 às 11h33.
Os testes clínicos de uma vacina que está sendo desenvolvida na Rússia contra o novo coronavírus foram concluídos, segundo a Universidade de Sechenov. Neste domingo (12), a chefe da pesquisa, Elena Smolyarchuk, afirmou à agência de notícias russa TASS que a pesquisa mostrou que a vacina é efetiva contra a doença. Apesar disso, a vacina, que é desenvolvida pelo Gamaleya Institute, consta na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) como em "fase 1 de testes".
Para uma vacina ser aprovada e distribuída, ela precisa passar por três fases de testes. A fase 1 é a inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de suas vacinas em seres humanos; a segunda é a fase que tenta estabelecer que a vacina produz sim imunidade contra um vírus, já a fase 3 é última fase do estudo, tenta demonstrar a eficácia da vacina. Para que uma vacina seja finalmente disponibilizada para a população, é necessário que essa fase seja finalizada e que a proteção receba um registo sanitário. Por fim, na fase 4, a vacina é disponibilizada para a população.
"A pesquisa foi concluída e mostrou que a vacina é segura. Os voluntários serão liberados nos dias 15 e 20 de julho", disse Smolyarchuk. Apesar da alta, os voluntários seguirão sendo monitorados por seis meses para checar os efeitos da proteção.
Segundo o jornal russo Moscow Times, a intenção da Rússia é que a vacina já comece a ser distribuída em agosto.
De tal forma, é provável que a vacina da Rússia não seja distribúida já em agosto, por estar somente na fase 1 de testes, de acordo com a OMS.
Os testes clínicos começaram com 38 voluntários pagos no começo de junho, quando, também, os militares russos iniciaram uma testagem paralela da mesma vacina, sem divulgar os números exatos de pessoas que foram testadas. No ínicio deste mês, Smolyarchuk afirmou que os pacientes que receberam uma dose da medicação tiveram efeitos colaterais como dor de cabeça e temperatura alta --- resolvidos em 24 horas, segundo ela.
A Rússia é o quarto país mais afetado pela covid-19 no mundo, segundo o monitoramento em tempo real da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Por lá são 732.547 infectados e 11.422 mortes.
Segundo a OMS, atualmente 158 vacinas estão sendo criadas e outras 23 já estão em fases de testes clínicos. De todas elas, apenas duas estão na última fase de testes, sendo elas a versão da AstraZeneca com a Universidade de Oxford e a chinesa Sinovac.
Nunca antes foi feito um esforço tão grande para a produção de uma vacina em um prazo tão curto — algumas empresas prometem que até o final do ano ou no máximo no ínicio de 2021 já serão capazes de entregá-la para os países. A vacina do Ebola, considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos, por exemplo, somente no ano passado.
Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida.
Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.