Ciência

Meditação ajuda a diminuir erros causados pela pressa, diz estudo

Pesquisadores analisaram indivíduos praticam meditação com frequência e percepção de erros

Meditação: pesquisadores apontam que meditar ajuda a diminuir frequência de erros quando o indivíduo está com pressa (Getty Images/Reprodução)

Meditação: pesquisadores apontam que meditar ajuda a diminuir frequência de erros quando o indivíduo está com pressa (Getty Images/Reprodução)

ME

Maria Eduarda Cury

Publicado em 13 de novembro de 2019 às 13h11.

São Paulo - Um novo estudo da Universidade Estadual do Michigan, nos Estados Unidos, apontou que o ato de meditar pode diminuir a frequência de erros ou perda de memória enquanto o indivíduo está com pressa. Publicada na revista Brain Sciencies, a pesquisa testou como a meditação, focada em sentimentos e sensações, pode ajudar a diminuir a quantidade de erros que alguém realiza quando está, por exemplo, trabalhando ou realizando outra atividade que requer maior concentração.

Os participantes da pesquisa nunca haviam realizado alguma forma de meditação, de forma que esta foi a sua primeira experiência com a atividade. Os responsáveis pelo estudo monitoraram, por cerca de 20 minutos, como suas atividades cerebrais respondiam ao exercício de meditação monitorada por eletroencefalografia, ou EEG - método não-invasivo de monitoramento eletrofisiológico, bastante utilizado para medir atividade do cérebro a partir da aplicação de eletrodos na superfície do couro cabeludo.

Após isso, os voluntários tiveram que preencher um teste no computador que media sua distração. Jeff Lin, doutor em psicologia da Universidade e um dos autores do estudo, disse que a ciência consegue provar poucos efeitos reais da meditação na atividade corporal humana, e que isso é um grande avanço para as pesquisas da área: "O interesse das pessoas em meditação e atenção plena está superando o que a ciência pode provar em termos de efeitos e benefícios. Mas é incrível para mim que fomos capazes de ver como uma sessão de meditação guiada pode produzir mudanças na atividade cerebral em não-meditadores".

De acordo com Lin, a escolha da eletroencefalografia para a realização do estudo é por sua capacidade de medir a atividade cerebral em níveis de milissegundos, o que gera uma precisão maior nos resultados. "Um certo sinal neural ocorre cerca de meio segundo após um erro chamado positividade do erro, que está ligado ao reconhecimento consciente de erros. Descobrimos que a força desse sinal é aumentada nos meditadores em relação aos controles", informou Lin, em comentário no estudo.

Ainda que os indivíduos não tenham apresentado melhoras rápidas quando foram fazer as tarefas com pressa, os pesquisadores apontaram que essa descoberta abre uma nova janela para a meditação sustentada, também chamada de mindfulness, e como ela pode aprimorar o tempo de percepção de erros.

A próxima etapa da pesquisa, de acordo com Lin, contará com um número maior de participantes para testar como outras formas de meditação podem afetar o corpo e a mente humana, a fim de analisar mais de perto as mudanças comportamentais do ser humano. "É ótimo ver o entusiasmo do público pela atenção plena, mas ainda há muito trabalho de uma perspectiva científica a ser feito para entender os benefícios que ele pode ter e, igualmente importante, como ele realmente funciona. Está na hora de começarmos a vê-lo através de uma lente mais rigorosa", concluiu Lin.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)MedicinaMemorizaçãoNeurociênciaPesquisas científicas

Mais de Ciência

Nasa oferece prêmio de quase R$ 18 milhões para quem resolver este desafio

Sono desregulado pode elevar riscos de ataque cardíaco e AVC; entenda

Pegadas indicam "encontro" entre duas espécies de humanos há mais de um milhão de anos

Mudanças climáticas podem trazer efeitos catastróficos para a Antártica, alertam cientistas