Ciência

Experimentos mostram que insecticidas são nocivos para abelhas

As substâncias químicas têm "efeitos nitidamente prejudiciais" nestes polinizadores, particularmente na redução da reprodução e no aumento da mortalidade

Abelha: "A questão da verdadeira exposição das abelhas aos inseticidas é polêmica e suscita um debate há tempos" (foto/Getty Images)

Abelha: "A questão da verdadeira exposição das abelhas aos inseticidas é polêmica e suscita um debate há tempos" (foto/Getty Images)

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AFP

Publicado em 29 de junho de 2017 às 21h48.

Dois dos principais experimentos efetuados até agora na natureza na Europa e no Canadá confirmaram a nocividade dos inseticidas agrícolas neonicotinoides para as abelhas e outros polinizadores expostos.

Os resultados destes estudos, publicados nesta quinta-feira na revista americana Science, revelam também que o meio ambiente local e o estado de saúde das colmeias podem modular os efeitos dos neonicotinoides, conhecidos como pesticidas "assassinos de abelhas" e amplamente utilizados na agricultura.

Estas substâncias químicas, que atuam sobre o sistema nervoso dos insetos, têm "efeitos nitidamente prejudiciais" nestes polinizadores essenciais, particularmente na redução de sua reprodução e no forte aumento de sua mortalidade, concluem estes trabalhos financiados em parte pelo grupo alemão Bayer e pelo suíço Syngenta.

O primeiro experimento foi realizado em um total de 3.000 hectares no Reino Unido, na Alemanha e na Hungria, e os pesquisadores constataram que uma exposição das abelhas às colheitas de colza cujas sementes foram tratadas com dois dos neonicotinoides utilizados na agricultura reduzia a taxa de sobrevivência das colmeias no inverno na Hungria e no Reino Unido.

Nas abelhas alemães foram constatados menos efeitos negativos.

Segundo Ben Woodcock, um entomologista do Centro para a Ecologia e Hidrologia (CEH) da Grã-Bretanha e autor principal deste estudo, as diferenças de impacto destes inseticidas na viabilidade das colmeias dos três países poderia ser explicada pelo acesso a plantas que não foram tratadas e ao estado de saúde das colônias.

Assim, na Alemanha, as colmeias tinham maiores populações em boa saúde e mais acesso a um grande leque de flores selvagens para libar.

O segundo experimento foi feito no Canadá e mostrou que as abelhas operárias e as rainhas da colmeia em contato com neonicotinoides morriam mais cedo e que a saúde das colônias piorou.

"A questão da verdadeira exposição das abelhas aos inseticidas é polêmica e suscita um debate há tempos", assinalou Amro Zayed, biólogo da Universidade de York e principal autor deste estudo.

Após estas pesquisas "não podemos continuar afirmando que os neonicotinoides na agricultura não prejudicam as abelhas", concluiu David Goulson, professor de Biologia da Universidade de Sussex.

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