Ciência

"É uma injeção de ânimo", diz primeira médica a ser vacinada em SP

Vacina chinesa contra a covid-19, que está na fase 3 de testes, começou a ser aplicada no Brasil nesta terça-feira, em parceria com o Instituto Butantan

Stefania Teixeira Porto: “Numa escala de zero a 10, meu grau de otimismo é 11. A tecnologia usada nesta vacina já é conhecida, com cepas inutilizadas do vírus, e o Instituto Butantan produz em outras imunizações. É a que está mais avançada no mundo e tem um alto padrão de qualidade” (Hospital das Clí/Reprodução)

Stefania Teixeira Porto: “Numa escala de zero a 10, meu grau de otimismo é 11. A tecnologia usada nesta vacina já é conhecida, com cepas inutilizadas do vírus, e o Instituto Butantan produz em outras imunizações. É a que está mais avançada no mundo e tem um alto padrão de qualidade” (Hospital das Clí/Reprodução)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 21 de julho de 2020 às 18h10.

Última atualização em 21 de julho de 2020 às 19h50.

A médica Stefania Teixeira Porto, de 27 anos, foi a primeira voluntária a ser vacinada com uma das 9.000 doses da CoronaVac, vacina chinesa contra a covid-19 que começou a ser testada no Brasil.

A vacina, do laboratório Sinovac, teve sua fase 3 de testes iniciada em São Paulo, em parceria com o Instituto Butantan. Stefania é médica do Hospital da Clínicas da Universidade de São Paulo e, por ser profissional de saúde, teve prioridade em ser vacinada.

Em depoimento gravado no Hospital das Clínicas, Stefania afirma que a sensação é de entusiasmo com as perspectivas de prevenção da vacina, que está entre as com mais chances de prosperar, junto com a que foi desenvolvida pela Universidade de Oxford e que também começará a ser testada no Brasil.

"Eu fico muito contente de poder participar dessa experiência. A gente tá vivendo um momento único, histórico, que me fez querer participar desse projeto. A gente passou por meses tão difíceis. Então é uma injeção de ânimo poder participar disso e poder contar para as pessoas no futuro que eu fiz parte disso", contou a médica.

 

Além do Hospital das Clínicas, outros 11 centros de pesquisa vão aplicar a vacina nos voluntários em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. A previsão é que todo o teste clínico seja concluído em até 90 dias, segundo o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.

“Numa escala de zero a 10, meu grau de otimismo é 11. A tecnologia usada nesta vacina já é conhecida, com cepas inutilizadas do vírus, e o Instituto Butantan produz em outras imunizações. É a que está mais avançada no mundo e tem um alto padrão de qualidade”, disse Dimas Covas em entrevista coletiva nesta segunda-feira.

Os voluntários para a CoronaVac estão sendo selecionados entre profissionais de saúde, da rede pública ou privada, com mais de 18 anos, que não tenham tido covid-19 e que não estejam em teste para outras vacinas.

Nesta fase 3 de testagem, um grande número de pessoas participa do estudo para comprovar a eficácia. Metade deles recebe um placebo e a outra, a vacina. Os voluntários receberão duas doses, uma na primeira consulta, em que assinam um termo de compromisso, e a segunda após 14 dias.

Os testes das fases 1 e 2, realizados em humanos saudáveis e em animais, mostraram segurança e capacidade de provocar resposta imune “favoráveis”, segundo o laboratório. Além disso, não foram percebidos efeitos colaterais significativos.

Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.

No mundo, já foram mais de 14,7 milhões de pessoas infectadas e de 611.000 mortes. No Brasil, segundo país no ranking em número de casos, foram mais de 2,1 milhões de infectados e 80.000 óbitos.

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