Ciência

Cientistas chineses quebram barreira técnica ao clonar macacos

Zhong Zhong e Huahua, dois macacos-cinomolgos idênticos, nasceram oito e seis semanas atrás, virando os dois primeiro primatas a serem clonados

Hua hua: os macacos recém-nascidos estão sendo alimentados com mamadeiras e estão crescendo normalmente (Qiang Sun and Mu-ming Poo, Chinese Academy of Sciences/Reuters)

Hua hua: os macacos recém-nascidos estão sendo alimentados com mamadeiras e estão crescendo normalmente (Qiang Sun and Mu-ming Poo, Chinese Academy of Sciences/Reuters)

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Reuters

Publicado em 24 de janeiro de 2018 às 17h16.

Última atualização em 24 de janeiro de 2018 às 17h17.

Londres - Cientistas chineses clonaram macacos usando a mesma técnica que produziu a ovelha Dolly há duas décadas, quebrando uma barreira técnica que pode abrir a porta para clonagem de humanos.

Zhong Zhong e Huahua, dois macacos-cinomolgos idênticos, nasceram oito e seis semanas atrás, virando os dois primeiro primatas --ordem dos mamíferos que inclui macacos, símios e humanos-- a serem clonados de uma célula não-embrionária.

A clonagem foi feita através de um processo chamado transferência nuclear de células somáticas (TNCS), que envolve a transferência do núcleo de uma célula, que inclui seu DNA, para um óvulo que teve seu núcleo removido.

Pesquisadores do Instituto de Neurociência da Academia Chinesa de Ciências, em Xangai, disseram que o projeto pode ser uma vantagem para pesquisas médicas ao tornar possível o estudo de doenças em populações de macacos geneticamente uniformes.

Mas isto também gera a viabilidade de clonagem de nossa própria espécie.

"Humanos são primatas. Então, para a clonagem de espécies primatas, incluindo humanos, a barreira técnica agora está quebrada", disse Muming Poo, que ajudou a supervisionar o programa no instituto, a repórteres em teleconferência.

"A razão pela qual quebramos esta barreira é para produzir animais modelos que são úteis para a medicina, para a vida humana. Não há intenção de aplicar este método a humanos."

Animais idênticos geneticamente são úteis em pesquisas porque fatores de confusão causados por variabilidade genética em animais não clonados podem complicar experimentos. Eles podem ser usados para testar novos medicamentos para uma série de doenças antes de uso clínico.

Os dois macacos recém-nascidos estão sendo alimentados com mamadeiras e estão crescendo normalmente. Os pesquisadores disseram esperar que mais clones de macacos nasçam nos próximos meses.

Desde que Dolly - "garota-propaganda" da clonagem - nasceu na Escócia em 1996, cientistas conseguiram com sucesso usar TNCS para clonar mais de 20 outras espécies, incluindo vacas, porcos, cachorros, coelhos, ratos e camundongos.

Experimentos similares em primatas, no entanto, sempre haviam falhado, fazendo com que alguns especialistas imaginassem que primatas eram resistentes.

A nova pesquisa, publicada nesta quarta-feira no jornal Cell, mostra que este não é o caso. A equipe chinesa teve sucesso, após muitas tentativas, ao usar moduladores para ligar e desligar certos genes que estavam inibindo desenvolvimento embrionário.

Mesmo assim, a taxa de sucesso é extremamente baixa e as técnicas funcionaram somente quando núcleos foram transferidos de células fetais, ao invés de adultas, como foi o caso de Dolly. No total, foram necessários 127 óvulos para produzir o nascimento de dois macacos vivos.

"Isto continua um procedimento pouco eficiente e arriscado", disse Robin Lovell-Badge, especialista em clonagem do Instituto Francis Crick, em Londres, que não estava envolvido no projeto chinês.

"O projeto nesta publicação não é um trampolim para estabelecer métodos para obter o nascimento de clones humanos vivos. Isto claramente continua uma coisa muito tola de se tentar".

A pesquisa destaca o crescente papel importante da China em pesquisas de ponta na biociência, onde cientistas às vezes ultrapassaram barreiras éticas.

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