(Ricardo Ceppi/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 23 de setembro de 2021 às 07h07.
A notícia da reabertura da fronteira Argentina com os países vizinhos, sem necessidade de isolamento para os vacinados a partir de outubro, animou o setor de turismo do Brasil.
Principal destino dos brasileiros em números absolutos, o país já deve perceber o aumento da chegada deles no próximo mês. Em apenas um dia do anúncio do governo argentino, as buscas por passagem para Buenos Aires, pela plataforma Kayak, subiram 92% em comparação com a semana passada para o período entre 01/10 e 31/12.
A demanda também fez os preços das passagens caírem em 26% se comparados com os últimos sete dias. O tíquete médio está saindo a R$2.657.
Já um levantamento do site Decolar mostrou que a busca dos viajantes brasileiros para a Argentina cresceu mais de 38% nesta terça-feira em relação à terça anterior.
Buenos Aires, Bariloche, Mar del Plata, Córdoba, Rosário, Ushuaia, Tucumã, El Calafate, El Palomar e Puerto Iguazú são os destinos mais procurados, com saídas, principalmente, de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Brasília. Para embarque em outubro, as passagens custam a partir de R$ 1.371.
Magda Nassar, presidente nacional da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV), comemorou a notícia. Ainda que as exigências atuais de documentação possam afastar o turista num primeiro momento, a tendência é de que haja ajustes nas demandas e restrições até o fim do ano.
A partir de outubro, para entrar na Argentina, sem necessidade de quarentena, será necessária a vacinação completa, teste PCR negativo nas 72 horas anteriores ao embarque, ou antígeno na chegada ao país, e outro PCR do 5º ao 7º dia no local.
– A reabertura das fronteiras é fundamental. É uma excelente notícia. Com essa flexibilização, já vemos um acréscimo da procura por pacotes curtos, de feriados e férias. Por ser um destino muito próximo, os pacotes costumam ser de quatro dias para Buenos Aires, e essas exigências podem atrapalhar um pouco. Mas em outubro, já veremos esse aumento – diz Magda, ressaltando que 40% das vendas dos associados são de pacotes internacionais em épocas normais, e boa parte delas impulsionadas pelos argentinos. – Em 2020 e 2021, os pacotes foram prioritariamente nacionais, entre 85% a 90%. Esperamos que esses números comecem a se regularizar.
Marina Figueiredo, vice-presidente da BRAZTOA (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), acredita que mais um passo foi dado na retomada do turismo internacional. Mas é cautelosa na comemoração, pois o curso da pandemia já mostrou que expectativas estão sendo frustradas constantemente. De qualquer forma, a reabertura da Argentina será primordial para que a América do Sul volte a liderar como principal destino dos brasileiros.
– Em 2019, a região somava 30% dos embarques internacionais dos nossos associados, com liderança ampla da Argentina. Ano passado, caiu para 20%, atrás da América Central e do Norte. A reabertura sem quarentena é primordial, mantendo todos os cuidados. Para o turismo de lazer, não adianta reabrir e exigir isolamento, ainda mais em destinos de pacotes curtos. Estando liberado para o turismo muda tudo. Estamos contando os dias parar que isso aconteça – diz.
O turismo entre os vizinhos é uma via de mão dupla. Os argentinos são os principais viajantes internacionais para o Brasil. A reabertura de fronteiras também vai aquecer o mercado interno.
– Eles não podem nos perder, nem nós podemos perdê-los. É uma parcela importante do nosso receptivo. Em 2019, tivemos um número baixo de turistas estrangeiros, cerca de 6,5 milhões (30% de argentinos). Sem eles, há uma defesagem grande para nossos associados – afirmou Magda.
Setor aéreo
As aéreas também já estão se movimentando com a notícia. A Latam, que atualmente faz apenas um voo semanal para Buenos Aires, partindo de São Paulo, disse estar preparada para aumentar os voos entre os países vizinhos assim que a informação foi oficializada.
Em nota, a Gol informou que a retomada dos voos para Buenos Aires pela empresa está planejada para dezembro. Acrescentou ainda que "esse planejamento está atrelado às melhorias das condições favoráveis, envolvendo, além da abertura de fronteira, a retomada das atividades turísticas e maior controle da disseminação da epidemia no país de destino, a Argentina."
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