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Pintor Andy Warhol ganha exposição com 350 obras

Primeira retrospectiva do artista nos EUA em quase 30 anos começa no próximo mês, no Whitney Museum of American Art

Telas de Warhol: exposição espera ampliar a percepção do artista para além do "homem com uma peruca engraçada que não sabia pintar" (Ray Tang/Anadolu Agency/Getty Images)

Telas de Warhol: exposição espera ampliar a percepção do artista para além do "homem com uma peruca engraçada que não sabia pintar" (Ray Tang/Anadolu Agency/Getty Images)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 5 de novembro de 2018 às 05h00.

Última atualização em 5 de novembro de 2018 às 05h00.

Ele chega com um ruído surdo: um catálogo dourado com uma pequena foto em branco e preto, tamanho passaporte, de um jovem de óculos com cara de nerd.

O tomo anuncia a próxima exposição de um dos artistas americanos mais emblemáticos: Andy Warhol. Sua primeira retrospectiva nos EUA em quase 30 anos começa no próximo mês no Whitney Museum of American Art com importantes financiadores, como o gestor de fundos de hedge Ken Griffin e o Bank of America. Grandes museus e coleções particulares emprestaram quadros, desenhos, esculturas e filmes.

Donna De Salvo, a curadora da exposição, disse que espera ampliar a percepção de Warhol para além do "homem com uma peruca engraçada que não sabia pintar".

Intitulada "Andy Warhol From A to B and Back Again", a exposição inclui mais de 350 obras que vão desde o início de sua carreira na arte comercial, passando por suas inovações em serigrafia do início dos anos 1960 até as colaborações no fim da vida com artistas como Jean-Michel Basquiat e Keith Haring.

"Como ele é tão conhecido, como levar as pessoas a pensar: ’Eu nunca vi isso antes, nunca pensei em Warhol desse jeito’?", disse De Salvo em uma entrevista recente no museu. "Isso foi um aspecto muito importante que tive que desvendar: como não reiterar simplesmente o mesmo Warhol de sempre."

Declínio de vendas

A exposição abrirá no dia 12 de novembro, coincidindo com os leilões semestrais em Nova York. Antigamente um indicador do boom da arte contemporânea, as vendas anuais de obras de Warhol caíram 59 por cento em 2017, em relação a um pico de US$ 568,7 milhões três anos antes, segundo a Artprice, embora alguns colecionadores argumentem que as transações mais valiosas foram feitas de maneira privada.

"Não é um mercado que esteja pegando fogo, fazendo grandes transações", disse Evan Beard, executivo de serviços de arte da unidade do U.S. Trust do Bank of America. "Está um pouco morno."

Espera-se que esta seja "uma queda momentânea", disse Eric Shiner, ex-diretor do Andy Warhol Museum na cidade natal do artista, Pittsburgh. "Toda a arte contemporânea, como a conhecemos, tem que passar por ele de uma forma ou de outra."

Um dos desafios com Warhol, que morreu em 1987 aos 58 anos, é a grande quantidade de suas obras. O Warhol Museum inclui 900 quadros, cerca de 100 esculturas, 2.000 obras em papel, mais de 1.000 impressões únicas e publicadas, 4.000 fotografias, 60 filmes, 200 testes de tela e mais de 4.000 vídeos. Colecionadores privados, como Peter Brant, magnata do papel-jornal, e Eli Broad, bilionário de Los Angeles, têm posses consideráveis, muitas delas emprestadas à exposição do Whitney.

Mas a qualidade é heterogênea. Das mais de 1.000 obras que são colocadas em leilão a cada ano, três quartos são impressões e múltiplos, e muitos lotes não são vendidos. Cerca de 12 por cento chegam a mais de US$ 5 milhões, segundo a Artprice.

Resta saber se a exposição do Whitney vai dar um impulso ao mercado de Warhol.

"Sua influência na cultura americana é gigantesca", disse Vincent Fremont, ex-gerente executivo do estúdio do artista. "Espero que haja um novo público de colecionadores."

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