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Momento DeepSeek da BYD: como sistema de recarga em 5 minutos revoluciona os carros elétricos

O carregador atinge uma potência de 1 megawatt (1.000 kW) e uma velocidade de carregamento de até 2 quilômetros por segundo, o mais rápido para veículos produzidos em massa

Dolphin mini: carro mais vendido da BYD no Brasil.  (BYD /Divulgação)

Dolphin mini: carro mais vendido da BYD no Brasil. (BYD /Divulgação)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 18 de março de 2025 às 15h38.

Última atualização em 18 de março de 2025 às 15h44.

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A startup chinesa DeepSeek abalou a corrida tecnológica global ao anunciar que obteve resultados semelhantes aos da Big Techs no desenvolvimento de inteligência artificial, mas com investimentos consideravelmente menores que os das grandes empresas de tecnologia.

Pouco mais de um mês depois, a também chinesa BYD revelou uma inovação capaz de transformar o mercado de carros elétricos, com impactos no mercado financeiro: um carregador ultrarrápido que carrega uma bateria completamente em apenas 5 minutos — tempo equivalente ao que hoje gastamos em um posto de gasolina com combustíveis fósseis.

O carregador, batizado de Super e-Plataform, atinge uma potência de 1 megawatt (1.000 kW) e uma velocidade de carregamento de até 2 quilômetros por segundo, tornando-se o mais rápido para veículos produzidos em massa. Em poucos minutos, é possível recarregar o suficiente para rodar cerca de 400 quilômetros — o dobro do que a Tesla, principal concorrente da BYD, conseguiu até agora.

A revolução no mercado dos carros elétricos

Milad Kalume Neto, consultor independente do setor automotivo, aponta que esse anúncio representa uma verdadeira revolução para os carros elétricos, pois aproxima o abastecimento desses veículos ao de carros a combustão. "A grande questão é fazer com que os carros aceitem essa recarga de alta capacidade. Os modelos atuais não aceitam. É como carregar um carro de 110v em uma tomada de 220v", explica.

No Brasil, existem carros capazes de aceitar a alta recarga, mas abaixo dos 1.000 kW. O Porsche Taycan e o Audi E-tron GT, por exemplo, têm capacidade de 270 kW.

A BYD afirma que a tecnologia estará disponível inicialmente no mercado chinês, com os modelos Han L e Tang L (conhecido no Brasil como Tan) já em pré-venda. Para o Brasil, ainda não há previsão de quando os carros com essa tecnologia cheguem ao país.

Para viabilizar essa carga rápida, a empresa desenvolveu canais ultrarrápidos para íons, reduzindo a resistência interna da bateria em 50%. A corrente de carregamento atinge 1.000 amperes, e a taxa de carregamento é de 10C, ambos recordes mundiais.

Pontos de recarga

Além das modificações nos veículos, os postos de recarga precisarão ser adaptados para suportar essa tecnologia. Para isso, a BYD criou o primeiro sistema de terminal de carregamento de megawatt ultrarrápido com resfriamento líquido do mundo, com capacidade de saída de até 1.360 kW.

"No futuro, planejamos construir mais de 4.000 estações de recarga ultrarrápidas na China", afirmou Lian Yubo, vice-presidente executivo da BYD, durante o anúncio. Apesar de não ter dado uma data exata, especialistas ouvidos pela reportagem indicam que essa transformação deve acontecer rapidamente, em um ou dois anos.

Quando chega ao Brasil?

Milad Kalume Neto avalia que a questão fundamental para ter o ultracarregador no Brasil é a capacidade do sistema elétrico em fornecer essa energia de alta capacidade. A Volvo, por exemplo, já possui uma das maiores redes de recarga de alta capacidade do país, com mais de 50 estações instaladas e planos de construir mais 101 postos em rodovias brasileiras.

Durante o anúncio, no fim do ano passado, o CEO Marcelo Godoy explicou que foi difícil encontrar locais com a capacidade de instalar energia de alta capacidade nos postos, e que em alguns casos, a própria Volvo precisou realizar obras. Para uma rede com o dobro da capacidade, a situação seria ainda mais desafiadora.

Carros elétricos mais vendidos

O Tesla Model Y foi o carro elétrico mais vendido do mundo de 2024, com 1,09 milhão de unidades comercializadas. Em segundo lugar ficou o Toyota Corolla, e a BYD aparece em nono lugar, com 570.000 unidades do modelo Song.

No entanto, em termos de participação de mercado, a BYD detém 22% do mercado global de carros elétricos, enquanto a Tesla tem cerca de 10%. No Brasil, onde a Tesla não tem representação oficial, a BYD domina o mercado com 72%, tendo vendido 43.776 veículos em 2024, seguida pela GWM com 10,52%.

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