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Livro de memórias de Anderson Birman: confira aqui trecho do livro "A Cada Passo"

Fundador da Arezzo&Co, Anderson Birman apresenta o livro de memórias A Cada Passo, com momentos significativos que moldaram a trajetória do autor até se consolidar como empreendedor

Anderson Birman, fundador da Arezzo&Co (Divulgação/Divulgação)

Anderson Birman, fundador da Arezzo&Co (Divulgação/Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 9 de novembro de 2023 às 07h00.

Fundador da Arezzo&Co, Anderson Birman apresenta o livro de memórias A Cada Passo, com momentos significativos que moldaram a trajetória do autor até se consolidar como empreendedor. Atualmente a AR&CO conta com as marcas Anacapri, Schutz, Alexandre Birman, Alme, Brizza, Carol Bassi, Reserva, Oficina, Simples, BAW, Vicenza, Paris Texas, TROC.

A publicação tem curadoria do diretor-criativo, Giovanni Bianco e escrito pela jornalista Ariane Abdallah.

O lançamento do livro será amanhã, 10 às 17h, na Livraria Travessa do Shopping Iguatemi São Paulo. A seguir, um trecho da publicação.

O sapato é uma arte

Sabia que o salto não pode ser maior que 9,8 centímetros? Por quê? Não há mulher que aguente. Isso é a arte de criar um sapato. Conseguir que um mesmo modelo se encaixe perfeitamente em diferentes formatos de pé. Sapato tem alma, é tridimensional. Por isso é tão difícil fazê-lo.

Tenho alguns conceitos sobre como se deve fazer um par de sapatos. É mais ou menos o seguinte: tudo que perturba o hábito dificilmente irá vender; em contrapartida, se for confortável, fará fama entre as clientes. Para mim, não existe o meio feio e o meio bonito, existe o sapato confortável. Mas, ainda assim, não quer dizer ter um sapato de qualidade. Para isso, é preciso construir os três pilares: look, conforto e segurança.

Todo sapato que está no mercado necessita ter look, isto é, não pode ter cola ou quaisquer defeitos aparecendo, além de precisar estar dentro da tendência. A cliente tem que se sentir segura, ou seja, não quebrar o salto ou arrebentar uma fivela, e precisa estar confortável; ela não pode lembrar a noite toda que está calçando o sapato. Sempre pensei na satisfação da consumidora final depois de dois, três meses que fez a compra. Acredito ser importante que ela não se sinta traída na moda nem tenha sua confiança quebrada devido a problemas de qualidade.

Entretanto, conquistar a verdadeira qualidade é um trabalho árduo se pensarmos que são 150 materiais para formar um modelo único. Basta refletir que existem a linha, taxa, agulha, couro, forro, cola e uma gama de outros produtos para se juntarem perfeitamente em harmonia. Não é à toa que dizem que o bom sapateiro é alguém que tenha algum sentimento de arte.

Mas antes de o sapato chegar à linha de produção, foi imprescindível entender as diferentes escalas e medidas dos pés das consumidoras. Ao longo da vida como sapateiro, entendi que o formato do sapato muda de etnia para etnia. O oriental tem pé curto, pequeno e com pouco volume. O americano tem pouco volume, mas é comprido. O nosso país tem um molde bem específico, por ser a mistura de diversas etnias, portanto, o sapato brasileiro é largo e avolumado. Inclusive, há as numerações grandes, as pequenas; são diferentes nichos de formatos e modelos para se pensar. Até o comprimento do dedo deve ser levado em conta para se fazer os bicos e não machucar o pé da cliente. Não aprendi o ofício de sapateiro em escolas – adquiri esses princípios ao longo da vivência. As matérias de cunho cultural, como História e Artes, ajudavam, mas o que realmente mudou a minha cabeça foi aprender Física no curso de Engenharia Civil. Com o conhecimento de matérias de Humanas e de Exatas, apreendi cultura e dom.

Eu era muito sentimental e me faltava a técnica, algo que meus conhecimentos acadêmicos me ajudaram bastante a resolver. Isso me fez caminhar na objetividade e me ajudou a compreender ainda mais o que é o sapato. Por isso, hoje meu raciocínio sobre o assunto é mais rápido que o da maioria das pessoas. Não apenas isso, mas as viagens que fiz para fora do país também me ajudaram a entender as consumidoras.

No início dos anos 1980, passamos a ir para a Europa estudar modas e tendências, e isso foi dando charme e construindo a marca. Por essa razão, hoje temos uma empresa com produto autêntico e de verdadeira qualidade.

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