Libertação de Bill Cosby provoca receio de retrocesso do MeToo
O comediante e ator de 83 anos foi solto na quarta-feira depois que o principal tribunal do Estado norte-americano da Pensilvânia reverteu um veredicto de 2018
Matheus Doliveira
Publicado em 2 de julho de 2021 às 06h51.
Inesperada, a libertação de Bill Cosby da prisão provocou entre mulheres ativistas o receio de que o acontecimento destrua os avanços recentes em Hollywood e além para responsabilizar homens por assédio e abuso.
O comediante e ator de 83 anos foi solto na quarta-feira depois que o principal tribunal do Estado norte-americano da Pensilvânia reverteu um veredicto de 2018 que o condenou por agressão sexual. Ativistas que haviam comemorado sua condenação como um divisor de águas criticaram fortemente a nova decisão.
"Quando o sistema desconsidera dezenas de acusadoras em uma situação como esta – por causa de uma brecha técnica, não por causa da prova que levou à imposição da pena –, cria a percepção de que 'não vale a pena' para as vítimas se manifestarem", disse um comunicado do Women in Film, grupo sem fins lucrativos que defende oportunidades iguais no entretenimento.
O grupo pediu que "todos em posições de poder nas indústrias do cinema ponham um fim à cultura do silêncio e da aceitação que permitiu que Cosby abusasse de tantas mulheres".
O Time's Up, uma organização fundada em 2018 na esteira de alegações de agressão sexual e estupro contra o produtor Harvey Weinstein, disse que as vítimas de Cosby "se manifestaram com grande coragem contra um homem poderoso correndo grande risco pessoal".
A Suprema Corte da Pensilvânia disse que ele não deveria ter enfrentado acusações por ter feito um acordo com um procurador para não ser processado mais de 15 anos atrás. Cosby foi libertado depois de cumprir mais de dois anos de uma pena em potencial de três a 10 anos.