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John Textor compra o Lyon, da França: o que o Botafogo pode ganhar com isso?

Como em outros países, interatividade entre clubes nas redes sociais pode trazer benefícios para internacionalização da marca

 (YASUYOSHI CHIBA/AFP/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2022 às 14h17.

O dono da SAF do Botafogo, John Textor, se tornou acionista majoritário do Lyon, da França, e foi apresentado nesta quarta-feira (22) para a imprensa francesa, ao lado do presidente do clube, Jean-Michel Aulas. Apesar dos milhares de quilômetros de distância que separam as duas instituições, torcedores do time carioca e francês interagiram pelas redes sociais e trocaram mensagens de carinho já que, agora, são administrados pelo mesmo investidor.

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Algo parecido já havia acontecido no começo deste ano, quando o Botafogo foi de fato comprado por John Textor por meio da Eagle Holdings. Até então proprietário também do Crystal Palace, da Inglaterra, fãs dos dois clubes também se comunicaram pela rede twitter.

"Vejo isso de forma positiva, pois é possível criar uma parceria entre os clubes envolvidos gerando uma legião de novos torcedores para todos eles. Tudo isto em um momento de grande concorrência por audiência, em que o ato de captar novos torcedores tem se tornado uma tarefa muito difícil para todas instituições esportivas. Mas, claro, é preciso vir acompanhado de propostas concretas", explica Renê Salviano, CEO da agência de marketing esportivo Heatmap e com vasta experiência em captação de patrocínios e projetos especiais em esportes.

Guilherme Figueiredo, CEO da NSports, primeira plataforma de streaming esportivo brasileira a criar os canais oficiais de cada entidade esportiva, entende que o Botafogo só tem a ganhar com essas parcerias envolvendo John Textor.

"Vemos muitas vezes conexões amistosas entre torcidas aqui no Brasil por razões distintas. Sem dúvida, nesse novo modelo de SAF, times com o mesmo investidor podem levar sim à criação dessa relação e sem duvida é algo que o Botafogo pode e deve explorar para ampliar a presença nesses países".

Em sua coletiva de apresentação no Lyon, Textor citou essa aproximação entre as torcidas brasileiras e inglesas e acredita que o caminho deve ser parecido na França. "Nós tentamos criar uma família entre os nossos clubes. Agora eu vejo pessoas com a camisa do Crystal Palace no estádio Nilton Santos e vejo camisas do Botafogo nos pubs em Londres. E eles se chamam de irmãos".

Segundo o empresário, não existem padrões no que diz respeito a acordos comerciais entre essas instituições que possui ações, mas ele também espera que elas acontecem naturalmente.

"Acho que faz parte dessa transição de modelo, mas não acredito de imediato numa transferência relevante de projeção ou de afinidade entre os clubes a longo prazo, a não ser que isso seja premissa de um dos grupos investidores e que eles trabalhem por uma interação real e positiva entre as marcas, mas que seria algo que levaria muitos anos para oferecer algum resultado real", afirma Bruno Maia, executivo de inovação e novas tecnologias no esporte e CEO da Feel The Match.

Recentemente, de forma distinta, o Coritiba anunciou uma parceria internacional com o Norwich, da Inglaterra, com a intenção de trabalhar estrategicamente a integração nos departamentos de futebol, marketing e de comunicação.

"É um projeto que evidencia a busca dos clubes brasileiros pela profissionalização na área de gestão. E os times europeus podem servir como um espelho, sobretudo aqueles que competem as principais ligas do futebol mundial, como é o caso do Norwich, que até a temporada passada estava disputando a Premier League. Buscar e trocar conhecimento com equipes onde a indústria está mais desenvolvida é parte disso", aponta Armênio Neto, especialista em negócios no esporte.

"Além da troca de informações, essas parcerias podem contribuir para a internacionalização da marca, mas desde que feitas com muito planejamento. Trata-se de um trabalho a longo prazo, que necessita de um projeto com constante aperfeiçoamento. Os clubes estão vendo que ainda há um mercado a ser explorado em outros países, mas só a interatividade nas redes não vai trazer a internacionalização, é preciso ter algo arquitetado em torno disso", pontua Bernardo Pontes, especialista em marketing esportivo e sócio da BP Sports.

CEO do Botafogo explica qual a receita para o sucesso

CEO do Botafogo e um dos grandes responsáveis pela reestruturação do Botafogo em SAF, Jorge Braga entende que trata-se de uma grande oportunidade, mas é preciso trilhar um caminho com começo, meio e fim.

"Precisa entender profundamente o perfil de cada um desses clubes, dos torcedores, o que eles têm em comum e quais são suas expectativas e as suas dores. O desafio é como rentabilizar essa comunidade na entrega de produtos. Mas existe um potencial grande, não há nenhuma dúvida".

Profundo conhecedor deste mercado, Jorge Braga trouxe algumas referências do modelo corporativo na relação com o público. Na Claro e Telecom, foi responsável por projetos que deram benefícios aos usuários em um período em que isso era inimaginável.

Um dos principais responsáveis pelo projeto Camisa 7, programa de sócios-torcedores do clube carioca, que trouxe de volta o conceito de 'Família' aos estádios e bateu os 40 mil inscritos na última semana, ele cita alguns mecanismos que podem trazer sucesso nesta relação entre os fãs botafoguenses e de outros países citados acima.

"A última tendência de administração chama-se network effect, que são os efeitos da rede, que é uma teoria de escalabilidade. É essa curva de inflexão dos produtos que explodem, que é exatamente a interação de várias redes. Cada universo de torcedor é uma grande rede, mas com perfis de usuários completamente diferentes. O universo digital viabiliza um modelo de negócio que o mundo físico não permite. Por isso que a capacidade de fazer essas redes conversarem entre si e formarem algo maior, é uma oportunidade e um desafio monumental", conclui.

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