Homeland? House of Cards? As séries que Trump parece ter visto demais
Veja a lista de seriados nos quais Trump e companhia parecem ter se inspirado para atentar contra o resultado das urnas
Daniel Salles
Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 12h47.
Última atualização em 7 de janeiro de 2021 às 12h50.
As cenas protagonizadas ontem no Congresso americano complicaram a vida dos roteiristas de séries de TV. Depois que aquela turba ensandecida de apoiadores de Donald Trump invadiu o órgão – o objetivo era tentar impedir que o parlamento confirmasse a vitória de Joe Biden – inventar, na ficção, cenas tão inacreditáveis tornou-se quase impossível. Tinha até gente com o rosto pintado com as cores da bandeira americana e chapéu de chifre. Chapéu de chifre! Se você visse uma cena assim em um seriado qualquer provavelmente diria, com ar de enfado: “até parece.”
O que leva a crer que Donald Trump, o mau perdedor que insuflou a baderna de ontem, andou assistindo demais os seriados que envolvem o salão oval da Casa Branca – e que prendem a atenção graças às inacreditáveis conspirações, às reviravoltas inimagináveis e às constantes ameaças à democracia, que fatalmente sai ilesa (toc, toc, toc). Veja a lista de seriados nos quais Trump e companhia parecem ter se inspirado para atentar contra o resultado das urnas.
House of Cards (Netflix)
No seriado criado por Beau Willimon, Francis Underwood (Kevin Spacey) interpreta um congressista apagado que faz o diabo até tomar para si a cadeira de presidente dos Estados Unidos. Suas tramoias têm a participação de sua mulher, Claire (Robin Wright), tão ambiciosa quanto ele. Com o afastamento de Spacey, acusado de assédio sexual e hoje proscrito, o seriado perdeu o vigor e caiu no vazio.
Homeland (FOX)
Em 8 temporadas é impossível não perder a conta de quantas conspirações e ameaças à democracia americana foram retratadas. O que dá para afirmar é que sem a entrada em cena de Carrie Mathison (Claire Danes), agente da CIA que sofre de transtorno bipolar, todas elas teriam prosperado. Algumas das cenas testemunhadas ontem em Washington guardam assustadoras semelhanças com as de certa temporada de Homeland.
Designated Survivor (ABC)
Kiefer Sutherland, do batido 24 Horas, foi reciclado para estrelar esta série para lá de nonsense. Ele dá vida ao insosso Tom Kirkman, que começa o seriado como um irrelevante Secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano do governo federal americano. Na noite do discurso do Estado da União, no entanto, quando uma explosão mata o presidente e todos os demais membros do Gabinete, Kirkman descobre que o poder ficou com ele. Cartas marcadas, claro, que dão origem a um suspense um tanto morno.
Years and Years (HBO)
É uma junção de House of Cards com Black Mirror ou algo do tipo. Arrepiante do início ao fim, a série distópica imagina uma realidade igualzinha à nossa na qual uma celebridade sem papas na língua, Vivienne Rook (Emma Thompson), é catapultada ao comando da Inglaterra – e se revela uma déspota pé de chinelo. Em paralelo, o seriado acompanha os dramas de uma família de classe média, inevitavelmente impactada pelas reviravoltas políticas do país.