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Golfe: uma das conexões mais poderosas do mundo corporativo

Sob a ótica empresarial e política, poucas coisas são tão eficazes quanto uma partida de golfe para discutir oportunidades de negócios

Publicado em 1 de setembro de 2024 às 07h24.

Lembro-me como se fosse hoje: era uma tarde de março, em São Francisco, Califórnia, nos Estados Unidos. Eu estava em uma conferência relevante na área de energia, e estavam presentes mais de 1.000 pessoas, entre os convidados e palestrantes renomados, o ex-General Colin Powell e a ex-CEO da HP Carly Fiorina. Eu, na época, estava com clientes e parceiros, e entre conversas de negócios com o grupo, notei que o tema fugia para um torneio amador de golfe que ocorreria no dia seguinte.

Embora o linguajar fosse estranho para mim, percebi a importância de me conectar com esses empresários e executivos também fora do ambiente corporativo, especialmente, em torno de um esporte que nos Estados Unidos e na Europa dominam as rodas de poder. Falar sobre o handicap, campos já visitados e detalhes sobre torneios, tornava o ambiente mais leve e descontraído.

No dia seguinte, acompanhei o torneio, apesar de não saber jogar. Foi aí que entendi a profundidade das relações construídas durante uma partida de golfe, onde as pessoas passam cerca de quatro horas juntas, falando sobre diversos assuntos e criando laços de confiança. É crucial saber a hora de falar sobre negócios e a hora de relaxar, diferenciando momentos de descontração e de assertividade, uma habilidade que considero essencial. Deste evento, pude ver desdobramentos que levaram a projetos de alguns milhões de dólares e parcerias que se tornaram longevas.

Esse entendimento me levou a pesquisar mais sobre o tema. Descobri que Obama, Trump, Bill Gates e Warren Buffet compartilham a paixão pelo golfe, um dos esportes mais lucrativos, com os quais os jogadores profissionais ganham mais que estrelas do futebol e da NBA. Nos EUA e na Europa, o golfe é amplamente praticado, mas, exige um alto investimento, tanto em equipamentos quanto em treinamento e manutenção. No Brasil, embora ainda seja visto como elitista, o esporte começa a ser mais acessível por perfis diferentes de praticantes, devido a abertura dos campos para convidados e não membros.

Sob a ótica empresarial e política, poucas coisas são tão eficazes quanto uma partida de golfe para discutir oportunidades de negócios. Nos EUA, 90% dos CEOs da Fortune 500 praticam golfe, e 54% dos jogadores afirmam ser a melhor forma de networking. Marcas globais como FedEx, 3M, BMW, Mastercard e Rolex investem pesadamente em torneios de golfe, criando experiências e associando seus nomes aos eventos. Negócios significativos são fechados durante as partidas e nos clubes, como o Augusta National Golf Club, sede do torneio Masters, e o Pinehurst Resort, ambos conhecidos por facilitar acordos.

Networking do golfe

Para aqueles que buscam novas oportunidades de negócios ou até mesmo uma nova colocação no mercado, prospectar no golfe pode ser um diferencial. Para posições e projetos importantes, o relacionamento pessoal é muitas vezes crucial, pois exige um alto grau de confiança mútua que dificilmente é construído apenas em reuniões formais. O networking tem sido vital para o sucesso, e, goste-se ou não, é um diferencial.

No mundo corporativo, a prática de esportes vai além do lazer: fortalece vínculos, melhora a saúde mental e física, e cria um ambiente propício à inovação e crescimento. Estudos mostram que executivos que praticam esportes em grupo têm menores níveis de estresse e melhor desempenho. Uma partida de golfe também permite aprimorar a inteligência emocional, exercitando a resiliência, a capacidade de lidar com adversidades e o planejamento estratégico.

Investir em infraestrutura que favoreça essa integração pode ser uma estratégia inteligente para empresas que buscam se destacar no mercado global. No Brasil, lugares como o Gávea Golfe Clube, Campo Olímpico de Golfe, São Fernando Golf Club e o Fazenda da Grama Golf & Country Club são exemplos de onde essa cultura pode crescer e se consolidar. Conforme o Brasil adotar mais essas práticas, o futuro promete uma maior integração entre saúde, bem-estar e negócios, beneficiando não só os indivíduos, mas também as organizações. A tendência é que, cada vez mais, veremos executivos e empresários em campos de golfe, quadras de beach tennis, trilhas ou pistas de ciclismo, firmando alianças e desenhando o futuro do mundo corporativo.

Quanto a mim, já pratico este esporte há seis anos e sou apaixonado por ele, pelo networking exclusivo que propicia e pelo desafio que é jogar um dos esportes mais difíceis, especialmente pelo aspecto mental.

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