'O Contador 2': diálogo sensível em sequência de ação (Amazon/MGM Studios/Divulgação)
Repórter de POP
Publicado em 24 de abril de 2025 às 16h58.
Última atualização em 24 de abril de 2025 às 17h01.
Em 2016, a bilheteria nos cinemas tinha cara e gênero. Mais de 15 filmes de ação foram lançados naquele ano, mas o que faziam sucesso, mesmo, eram os de super-heróis: foi a época de Deadpool, Doutor Estranho, Esquadrão Suicida, Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça e da maior bilheteria do ano, Capitão América: Guerra Civil, de 1,15 bilhão de dólares. Enquanto o público se dividia entre o Capitão América e o Homem de Ferro, surgia um herói mais discreto. Era o personagem de Ben Affleck em O Contador, que ganha uma continuação nos cinemas nesta quinta-feira, 24.
Sob direção de Gavin O’Connor, o longa trouxe, em 2016, a história de Christian Wolff, um contador com habilidades especiais que trabalhava para algumas das organizações criminosas mais perigosas do mundo. A trama foi uma das pioneiras na retratação positiva do autismo, tanto nos auges da superdotação quanto nas dificuldades com interações sociais, e teve um reconhecimento carinhoso do público e da crítica.
Agora, em 2025, Affleck retorna aos cinemas ao lado de Jon Bernthal, intérprete de Brax Wolff, o irmão de Chris Wolff, com a sequência do filme, O Contador 2, que traz discussões mais atuais para a tela.
“Acredito que gêneros são portas de entrada que oferecem familiaridade ao público, para que assuntos mais profundos possam ser abordados”, contou Affleck na única entrevista que fez para o Brasil, para a Casual EXAME.
“Mas, no final das contas, o gênero em si é uma coisa vazia. Filmes de ação podem ser só bombas e explosões, o que muda é aonde você quer chegar usando isso. Para mim, o que é fundamentalmente interessante sobre O Contador 2 não são as coreografias de luta, mas a história de dois homens que se amam e se conectam, mesmo com a dificuldade social do meu personagem, que é uma pessoa solitária. Essa história, sim, é comovente e universal. Todo mundo tem momentos de solidão.”
A sequência do filme retoma parte do elenco do primeiro longa e O’Connor assume a direção mais uma vez. Na nova aventura, Chris e Brax Wolff precisam localizar e salvar uma criança contrabandeada no deserto entre os Estados Unidos e o México.
A estreia do filme chega poucos meses após as deportações em massa do governo Trump, que já retirou mais de 1,5 milhão de pessoas do território americano. E retrata, sob viés empático, a realidade que parte das crianças deportadas enfrenta nas travessias.
Para Affleck, tanto a temática atual quanto a conexão entre os dois irmãos podem reforçar a importância da conexão humana, de se estar cercado de pessoas amadas.
“Eu espero que o público veja quanto se expor um pouco pode ser positivo quando o assunto é amar as pessoas, demonstrar interesse no próximo, exercer a empatia, mesmo por aqueles que você não conhece. Esse é um filme muito sensível para mim, que explora uma porção de temas, mas em que se sobressai a relação bonita entre Chris e Brax. E, claro, tem cenas divertidas, tem explosões, tem luta e tem tiros. Mas a mensagem mais profunda é o que prevalece.”