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Como MacKenzie Scott, ex de Bezos, está agitando o mundo da filantropia

Scott doou incríveis US$ 6 bilhões em 2020, sem exigir nenhuma contrapartida, ao contrário das práticas usuais de doadores para causas beneficentes

Filantropia: MacKenzie e Jeff se divorciaram há dois anos.  (Jörg Carstensen/Getty Images)

Filantropia: MacKenzie e Jeff se divorciaram há dois anos. (Jörg Carstensen/Getty Images)

MD

Matheus Doliveira

Publicado em 1 de fevereiro de 2021 às 11h18.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2021 às 11h21.

Bancos de alimentos, associações de ajuda a imigrantes e universidades em dificuldades encontraram uma benfeitora surpresa no ano passado: MacKenzie Scott, ex-esposa do CEO da Amazon, Jeff Bezos.

Scott doou incríveis US$ 6 bilhões em 2020, sem exigir nenhuma contrapartida, ao contrário das práticas usuais de doadores para causas beneficentes nos Estados Unidos.

MacKenzie Scott abalou o mundo filantrópico, não apenas por causa de suas contribuições gigantescas, mas também porque, ao permitir que as organizações determinem como usá-las, as libera da burocracia.

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Laura MacDonald, presidente da Fundação Giving USA, uma organização sem fins lucrativos que conduz pesquisas sobre doações filantrópicas, diz que a ex-mulher do segundo homem mais rico do planeta lidera um movimento pela "filantropia baseada na confiança".

"Isso pode encorajar outros doadores a correr mais riscos", aponta.

Em dezembro, Scott fez uma doação para 384 organizações, desde um instituto universitário de tecnologia na reserva indígena Blackfeet em Montana (noroeste) a um banco de alimentos em Arkansas (centro), passando pela associação de ajuda aos imigrantes Immigrant Families Fund.

"Esta pandemia abalou a vida dos americanos que já estavam lutando", escreveu MacKenzie Scott. "As perdas econômicas e os custos médicos foram mais graves para as mulheres, pessoas de cor e aqueles que vivem na pobreza. Enquanto isso, a riqueza dos bilionários aumentou dramaticamente", acrescentou.

"Espero que a quantidade de dinheiro que você coloca na mesa e sua intenção de continuar a fazer isso dê a todos que estão sentados em suas fortunas um chute no traseiro enquanto enfrentamos desafios e necessidades enormes", comentou Phil Buchanan, presidente do Center for Effective Philanthropy, que fornece informações para fundações de caridade.

A ex de Bezos, que desde o divórcio tem uma participação na gigante do comércio eletrônico Amazon - avaliada em US$ 58 bilhões -, prometeu ceder grande parte de seu patrimônio em prol da luta contra as desigualdades sociais.

Em julho, anunciou doações de US$ 1,7 bilhão e em dezembro de mais US$ 4,2 bilhões.

Scott contratou uma equipe de consultores para ajudá-la a identificar organizações que apoiam aqueles que sofrem o impacto econômico da pandemia e, em particular, lutam contra a fome, a pobreza e as desigualdades raciais.

Estas organizações “têm dedicado a sua existência a ajudar os outros, trabalhando voluntariamente, cara a cara e no dia a dia, à mesa ou ao lado da cama de pessoas reais, nas prisões, nas ruas, nas salas de aula ou nos hospitais", escreveu a filantropa de 50 anos no Medium.

Sua abordagem contrasta com a de seu ex-marido Jeff Bezos.

Embora o fundador da Amazon tenha doado 10 bilhões de dólares para o combate às mudanças climáticas, a maior contribuição beneficente de 2020, suas participações têm sido mais lentas e proporcionalmente mais limitadas que as de sua ex-mulher, embora sua fortuna seja considerada três vezes maior.

O ex-casal pode dar um grande impulso à filantropia nos Estados Unidos, que em 2019 mobilizou cerca de 450 bilhões de dólares.

Para Benjamin Soskis, pesquisador de filantropia do Urban Institute, as iniciativas de Scott são notáveis não apenas pelo nível, mas também pela rapidez com que os recursos são liberados.

Além disso, "ela insistiu em dar o dinheiro e se manter longe", destacou.

Normalmente, "os filantropos se veem como parte do processo e estabelecem várias verificações e avaliações que podem ser muito onerosas".

Scott pode ser criticada pela "opacidade" na seleção dos beneficiários de seus subsídios, argumenta o especialista.

Mas sua imprudência pode abrir um precedente importante. "Nenhum grande filantropo será capaz de ignorar seu exemplo."

 

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