Cantor lírico Plácido Domingo é acusado de assédio sexual
Nove mulheres acusam Domingo, considerado o mais importante artista lírico vivo, de ter forçado relações com elas
AFP
Publicado em 14 de agosto de 2019 às 13h38.
Última atualização em 14 de agosto de 2019 às 13h55.
O famoso tenor espanhol Plácido Domingo se defendeu nesta terça-feira (13) das acusações de assédio sexual de várias mulheres, e a Ópera de Los Angeles, da qual é diretor, anunciou que investigará as "preocupantes" denúncias.
Em uma investigação publicada na noite de segunda-feira pela Associated Press, nove mulheres acusam Domingo, considerado o mais importante artista lírico vivo, de ter usado sua posição de poder para pressioná-las a se relacionar intimamente com ele.
Oito cantoras líricas e uma bailarina, das quais apenas uma aceitou se identificar, disseram à agência de notícias americana que foram assediadas sexualmente, em incidentes que ocorreram na década de 1980.
Uma delas afirma que o músico colocou a mão por baixo de sua saia, outras três de tê-las beijado à força. Todas mencionam gestos inapropriados, enquanto dezenas de entrevistados afirmam que foram testemunhas desses comportamentos.
Quando ocorreram os supostos incidentes, todas as denunciantes eram jovens e estavam no início de suas carreiras. Sete delas disseram que suas trajetórias foram afetadas por rejeitarem os avanços do tenor.
"As acusações destas pessoas anônimas que remontam inclusive a três décadas atrás são profundamente preocupantes e, da forma como foram apresentadas, inexatas", disse Domingo, de 78 anos, que exerce de diretor e gerente-geral da Ópera de Los Angeles, na Califórnia, em um comunicado enviado por seu agente.
"No entanto, é doloroso escutar que pode incomodar ou envergonhar alguém, mesmo que tenha sido há muito tempo e apesar de minhas intenções", diz o tenor, que é casado há muito tempo.
Após as denúncias se tornarem públicas, a Ópera de Los Angeles, onde Domingo é diretor-geral desde 2003, afirmou que investigará as "preocupantes" acusações.
"Plácido Domingo foi uma força criativa dinâmica na vida da LA Opera e na cultura artística de Los Angeles durante mais de três décadas", afirmou a prestigiosa instituição.
"No entanto, estamos comprometidos a fazer todo o possível para fomentar um entorno profissional e colaborativo onde todos os nossos empregados e artistas se sintam igualmente confortáveis, valorizados e respeitados".
O artista espanhol é uma das estrelas de ópera mais reconhecidas do século XX, protagonizando junto ao seu compatriota José Carreras e ao falecido italiano Luciano Pavarotti lendárias apresentações sob o nome de "Os Três Tenores".
Nos últimos anos, o cantor se tornou barítono, e ainda lota teatros no mundo todo.
"Pensei que todas as minhas interações e relações sempre tinham sido bem-vindas e aceitas. As pessoas que me conhecem ou trabalharam comigo sabem que eu não machucaria, ofenderia ou envergonharia alguém intencionalmente".
Domingo reconhece, porém, que "as regras e valores pelos que hoje nos medimos, e devemos nos medir, são muito diferentes de como eram no passado".
Após as acusações, a Associação de Orquestras da Filadélfia anunciou que estava retirando seu convite a Domingo para se apresentar em 18 de setembro.