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Autor de "livro que previu o coronavírus" não gosta da própria obra

Os Olhos da Escuridão, de Dean Koontz, publicado em 1981, fala sobre um vírus surgido em Wuhan, embora esse não seja o tema principal do enredo literário

Wuhan: assim como na ficção, metrópole foi epicentro do novo coronavírus (Adriano Machado/Reuters)

Wuhan: assim como na ficção, metrópole foi epicentro do novo coronavírus (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de junho de 2020 às 15h03.

Última atualização em 19 de junho de 2020 às 19h33.

Assim que a covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, começou a se alastrar pelo mundo, no começo do ano, um dos boatos mais curiosos que tomaram as redes sociais e os aplicativos de mensagem instantânea sobre a origem da pandemia falava a respeito de um suposto livro que teria previsto o surgimento do vírus em Wuhan, na China, no século 21, como sendo fruto de um laboratório.

Os Olhos da Escuridão, de Dean Koontz, publicado em 1981, é um thriller sobre o desaparecimento de uma criança e a busca empreendida por sua mãe, guiada por mensagens paranormais. E, sim, o romance também fala sobre um vírus surgido em Wuhan, embora esse não seja o tema principal do enredo literário.

Trechos do livro viralizaram na internet, alavancados por notícias falsas e teorias conspiratórias, e a atenção repentina gerada pela obra fez com que a editora Citadel se interessasse em publicá-la, tanto é que chega agora ao Brasil.

"A nova vida que o livro ganhou por causa da pandemia na vida real é verdadeiramente interessante", comentou o autor sobre esse inusitado sucesso tardio. "A obra foi publicada originalmente sob um pseudônimo quando eu era mais jovem e ainda lutando para construir uma carreira."

Apesar das semelhanças com as situações que o mundo vem enfrentando, Koontz nega ter tentado prever qualquer coisa. "O vírus em Os Olhos da Escuridão é o que Hitchcock chamou de um 'MacGuffin', o objeto que dá início a uma história, mas não é exatamente sobre o que a trama trata. Apesar da desinformação grotesca nas redes sociais, a obra não é sobre pandemias, e eu não previ 2020 como o ano em que aconteceria", afirma o escritor.

"No livro, o vírus é uma arma biológica que foi acidentalmente liberada de maneira limitada, e para a qual uma vacina está sendo pesquisada por cientistas a serviço do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Quando eu estava procurando uma origem plausível para esse tipo de arma, minhas pesquisas me levaram aos laboratórios de biologia bélica na China. Naquela época, um deles ficava próximo a Wuhan", explica Koontz, a respeito de como chegou a essa solução para seu enredo. "Nenhuma clarividência foi necessária! Só pesquisa."

Antes da pandemia, o livro já havia sido traduzido para 30 idiomas e vendido mais de 4 milhões de exemplares. Apesar do interesse renovado, Koontz não é um entusiasta da própria obra. "Eu colocaria Os Olhos da Escuridão entre os meus romances menos interessantes. Uma história divertida e cheia de suspense, mas nada além disso", afirma o escritor. "O que eu escrevi desse livro em diante é muito mais ambicioso e complexo."

Os Olhos da Escuridão
Autor: Dean Koontz
Editora: Citadel (272 págs., R$ 44,90 livro, R$ 16,99 e-book)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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