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Quer trabalhar na Estônia? Setor de startups dispara no país e brasileiros são os mais contratados

A expectativa do país europeu, que tem o maior número de unicórnios per capita no mundo, é chegar a mais de 50 mil posições nos próximos 10 anos

O programa “Startup Visa” é usado apenas por empresas de expansão na Estônia para contratar talentos internacionais. Desde a sua origem, 1/3 dos talentos contratados são brasileiros (Thinckstock)

Publicado em 21 de outubro de 2023 às 12h07.

A Estônia é o país mais empreendedor da Europa, com o maior número de startups, unicórnios e investimentos per capita, e se tornou um destino chave para quem deseja abrir um negócio.

“O mercado estoniano em si é pequeno, mas graças à nossa sociedade digital, é fácil gerir um negócio no país. Abrir uma empresa leva 15 minutos, declarar impostos leva cerca de três minutos e tudo pode ser feito online," afirma Annika Järs, gerente do programa Startup Visa.

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O Startup Visa é um dos programas aprovados pelo governo estoniano para facilitar a abertura de empresas no país. “O programa oferece um processo rápido para a obtenção de visto de residência, o que permite que fundadores de startups se mudem para a Europa e ainda contratem os melhores talentos,” afirma a executiva.

Lançado em janeiro de 2017, o Startup Visa é usado apenas por empresas de expansão na Estônia para contratar talentos internacionais. Desde a sua origem, 1/3 de todos os talentos contratados são brasileiros.

O outro programa é o e-Residency, ferramenta criada em 2014 para abrir negócios na Europa e evitar a burocracia empresarial.

“O programa e-Residency foi criado para dar aos cidadãos estrangeiros um acesso seguro aos serviços eletrônicos públicos da Estônia. Desde o seu lançamento, mais de 94 mil solicitantes do e-Residency estabeleceram mais de 22 mil novas empresas na Estônia,” diz Järs.

Startup: um negócio em expansão

As startups da Estônia têm se concentrado tradicionalmente no desenvolvimento de software, porque o país está na linha da frente de histórias de sucesso globais no desenvolvimento de aplicações empresariais e de RH, bem como de software para vários tipos de serviços, afirma Järs.

“Foi neste cenário que surgiu a geração de novos fundadores de startups. Por exemplo, o pessoal do Skype construiu dois unicórnios estonianos, Wise e Bolt, que se tornaram uma plataforma de ensinamento para outra geração de fundadores e investidores, que criaram 50 empresas de sucesso.”

Entre os principais países residentes na Estônia estão: Brasil, Estados Unidos, Índia, Turquia, Ucrânia, África do Sul e Nigéria.

Requisitos para empregados e empreendedores

Durante o primeiro semestre de 2023, 342 fundadores globais e funcionários de startups receberam autorizações de residência temporária e vistos para se tornarem parte do ecossistema de startups da Estônia.

Um quinto dos funcionários de startups da Estônia são estrangeiros - e nos próximos anos as oportunidades de emprego devem aumentar. A expectativa do governo estoniano é ter mais de 50 mil profissionais trabalhando no país nos próximos 10 anos.

“Este número é uma estimativa ambiciosa do setor, porque a área tecnológica representará 30% das exportações da Estônia em 2030 e, para atingir este objetivo, 50 mil pessoas deveriam trabalhar no setor,” afirma Järs.

Se contratassem apenas profissionais estonianos, apenas 15 mil vagas seriam preenchidas. O setor de startups do país está crescendo tão rápido que a falta de talentos se tornou uma questão relevante — por isso, o país tem iniciativas focadas em encontrar talentos internacionais. “O Brasil é um país estratégico para a Estônia, ao ser o número 1 em realocações pelo Startup Visa em 2022,” diz a executiva.

O escopo das diferentes funções que precisam ser preenchidas é vasto – desde desenvolvedores e arquitetos de soluções até engenheiros de dados e gerentes de produto.

Sobre os requisitos para ser um funcionário, Järs afirma que vai depender da função para a qual a pessoa foi contratada.

“Dependendo da função e da experiência anterior, o ensino superior pode não ser um requisito em si, mas é definitivamente uma vantagem, uma vez que 78% dos trabalhadores estrangeiros do setor possuem um ensino.”

Mesmo tendo a própria língua, o idioma não será uma barreira para o estrangeiro que sabe falar inglês. "É um país que tem muitos estrangeiros e o inglês é amplamente falado por lá," diz Järs.

Para obter um Startup Visa e se mudar para a Estônia, uma startup não precisa ter investimentos. Os requisitos são de que:

Se uma startup for avaliada positivamente pelo comitê de startups da Estônia, um empreendedor brasileiro pode basicamente embarcar em um avião, já que nos primeiros 90 dias não há exigência de visto. Depois disso, com o Startup Status, o fundador pode solicitar um visto de longa duração (visto D), válido por um ano, ou uma autorização de residência temporária, válida por até cinco anos.

Qual seria a média salarial?

O salário bruto médio mensal em 2022 nas startups da Estônia foi de € 2.923, o que é 1,9 vezes superior à média da Estônia, afirma Järs.

Os trabalhadores com idades entre 41 e 50 anos têm o salário bruto médio mensal mais elevado (€ 3.622), seguidos dos trabalhadores com idades entre 31 e 40 anos, cujo salário bruto médio mensal é de € 3.300. O salário bruto médio mensal dos funcionários de startups de origem estrangeira é de € 3.082.

“Um funcionário pode esperar um estilo de vida confortável com esse tipo de salário,” diz a executiva.

O que estimula um brasileiro a morar na Estônia?

Para as startups, a Estônia pode funcionar como uma porta de entrada para o mercado europeu, ao mesmo tempo que é um dos ecossistemas de startups mais favoráveis do mundo. “Vimos que os ex-funcionários de startups de sucesso mais tarde abrem sua própria empresa,” diz Järs.

Além disso, aspectos sociais costumam atrair estrangeiros para esse país europeu que tem um clima predominantemente frio. “Gostamos de dizer que o clima da Estônia ajuda as startups a se concentrarem em seus negócios, já que temos um mau tempo para esquiar por uns bons seis meses,” afirma Järs.

A Estônia tem quatro estações com inverno frio e bastante escuro e verão claro e às vezes quente. O inverno às vezes pode ser difícil para as pessoas do sul, mas, por outro lado, também é bastante exótico. “Pular na neve depois de uma sauna quente é algo que muitos estrangeiros na Estônia vivenciam pela primeira vez,” diz a executiva.

A educação, segundo Järs, é de altíssima qualidade. É gratuito por lei, a menos que os pais escolham escolas privadas para os seus filhos. Além de serviços gratuitos, como almoço, livros didáticos e transporte escolar, os alunos recebem serviços de apoio, se necessário. O ensino superior é flexível e acessível, e é parecido com o Brasil ao considerar experiência de trabalho durante os estudos.

O transporte público é gratuito para os moradores e o país é considerado um lugar muito seguro:

“As mães estonianas deixam os seus recém-nascidos à porta dos restaurantes e demais estabelecimentos durante o inverno para que os bebês possam tirar uma soneca. Isso é algo que surpreende muitas pessoas de outros países, mas é um fenômeno completamente normal para os estonianos.”

Em relação ao sistema de saúde da Estônia, eles usam o seguro de saúde que utiliza o princípio da solidariedade. “Isso significa que os cuidados de saúde são financiados pelo imposto social pago sobre os salários dos trabalhadores e todos os segurados têm acesso a cuidados médicos,” diz Järs.

O mercado atual das startups na Estônia

No momento, a Estônia possui 1.442 startups, 50 delas criadas em 2022.

O maior setor em termos de startups ativas é o de software empresarial e RH com 258 empresas ativas (18% de todas as startups no banco de dados de startups da Estônia), seguido por fintechs com 193 startups ativas (13%), e produtos e serviços de consumo com 156 empresas ativas (11%).

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