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Empresas têm que correr riscos com jovens

É possível tirar importantes lições de liderança da visita do papa Francisco ao país - principalmente para os jovens


	Papa Francisco: "Eu acredito em você, não pense que você não está pronto, vá tentar fazer"
 (Tony Gentile/Reuters)

Papa Francisco: "Eu acredito em você, não pense que você não está pronto, vá tentar fazer" (Tony Gentile/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2013 às 15h03.

São Paulo - Encantador, carismático, inspirador. esses adjetivos foram os mais usados para definir o papa Francisco, que visitou o país, no mês passado, para celebrar a Jornada mundial da Juventude. Sua imagem de candura contrastou como discurso do pregador duro, que pediu que sua igreja se movimente e vá para as ruas, que ouça o povo, e alertou  os jovens para que não se deixem manipular. 

A que se deve essa adoração do povo brasileiro a  esse homem, que nos faz esquecer sua nacionalidade argentina?  Significa, essencialmente, que vivemos numa época em que não  existem modelos a serem seguidos. Quem você quer ser quando  crescer? a resposta de uma grande parcela dos jovens é o nome de  um cantor de rap ou de um jogador de futebol.  

Nas pesquisas com os jovens que dão os primeiros passos no mercado de trabalho,  quando questionados sobre os líderes mais admirados,  aparecem nomes como o do empresário antônio Ermírio de Moraes, do apresentador Silvio Santos e o do incansável Luciano  Huck.

O primeiro líder tem sua imagem associada à de um empreendedor de sucesso.  os outros dois estão na cabeça dos jovens pela força da mídia eletrônica. Quem você quer ser?  Quem você poderia ser para construir um futuro melhor? Aí aparece o papa Francisco. Humilde, sorridente, carinhoso, atento aos que o cercam, profundo em suas análises e trabalhando  pelo exemplo. 

"Por que morar numa casa  coletiva, e não num palácio?",  perguntou-lhe o repórter. "Porque não quero  me isolar das pessoas. Preciso delas. Quero ouvi-las e  quero que me ouçam", respondeu o papa.  Quantos pretensos líderes  afirmam aos pares, nos corredores das empresas, que querem  distância de seus funcionários?

Se pudessem,  trancariam seus subordinados numa sala e os alimentariam  com pizza, para passar por  debaixo da porta e evitar o contato olhos nos olhos. Quantos chefes nem sequer  conhecem seus subordinados e clamam por maior  comprometimento ou maior colaboração da "equipe"? Esses mesmos gestores, quando perguntados sobre a vida de seus subordinados diretos, não sabem responder a questões triviais.


Quantos  filhos tem o João? Para que time torce o alfredo? onde mora o Antenor? "Bobagens!" — diria um desses chefes — "o que interessa é o bônus do fim do ano." Ledo engano! as pessoas querem proximidade, disponibilidade, ser ouvidas, elogios sinceros e críticas construtivas.

As pessoas querem aprender e precisam  ser ensinadas. a lição do papa Francisco é principalmente a ação cercada de humildade. Não é só o pensamento, mas a ação, o movimento e a coragem.

Afinal, não nos esqueçamos de São Paulo: "A fé sem obras é morta". Outra lição importante e bem atual está no discurso do papa Francisco aos jovens, quando o pontífice diz: "Eu acredito em você, não pense que você não está pronto, vá tentar fazer". 

Existe hoje uma clara diferença entre as empresas que correm riscos com seus jovens e aquelas que discursam que a juventude não está preparada. Essas últimas acabam se surpreendendo quando esse tipo de profissional pede demissão e vai ocupar uma posição muito maior em outra organização. As empresas têm de correr riscos com os jovens.

Acreditar em sua força e determinação. Esperar não é fazer. O que precisamos, como diz meu amigo e filósofo Mario Sergio Cortella, é esperançar. Bendita hora em que o papa Francisco veio ao nosso país.

Os corações de milhares de jovens se encheram de esperança de que vale a pena ser do bem, vale a pena ser amável e cuidar do próximo. Vale a pena servir. Os mais velhos, pelo meu lado, agradecem o sopro de esperança. "Ide com coragem e sirva."

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