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Nova Zelândia quer atrair "cérebros" e esta é a sua estratégia

Há uma série de vantagens para quem faz doutorado no país e o preço é um dos principais atrativos. Confira o que é preciso para se candidatar

Wellington:  capital da Nova Zelândia é onde fica a Victoria University (NZSteve)

Wellington: capital da Nova Zelândia é onde fica a Victoria University (NZSteve)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 28 de março de 2017 às 15h00.

Última atualização em 3 de abril de 2017 às 17h37.

Wellington, Auckland – A estratégia da Nova Zelândia de atrair mão-de-obra qualificada para o país resulta em uma série de iniciativas com o objetivo de levar os melhores cérebros do mundo para estudar e trabalhar lá. Uma campanha recente lançada na capital do país, Wellington, por exemplo, paga a passagem e a estadia de candidatos a oportunidades de emprego na área de tecnologia, uma das mais aquecidas no país.

Mas uma das principais táticas do pequeno e cinematográfico país da Oceania para turbinar a sua oferta de pessoas qualificadas por lá é investir na educação superior e conceder uma série de vantagens para quem decidir fazer doutorado, o PhD, lá.

Isso significa que para brasileiros e outros estrangeiros apostar num doutorado na Nova Zelândia pode, sim, ser vantajoso até financeiramente. A candidatura e o processo de aprovação também podem ser bem mais simples do que no Brasil e quem fala isso são brasileiros que tiveram essa experiência.

“Vale a pena e é relativamente fácil”, diz Fabricio Chicca, que fez PhD na Victoria University, a segunda maior universidade do país e que fica em Wellington. Ele, que se formou doutor em 2013, conseguiu ficar na universidade e hoje tem o cargo de building science programme diretor, no departamento de arquitetura.

Um dos principais benefícios está no fato de que os alunos estrangeiros pagam o mesmo que os neozelandeses, o que deixa o doutorado bem mais em conta: por volta de 6 a 7 mil dólares neozelandeses por ano.

“Gosto da maneira como a universidade apoia o aluno. A infraestrutura é inacreditável, em termos de material de equipamento. Nós temos aqui temos um robô de 1 milhão de dólares, para se ter uma ideia”, diz Chicca.

É claro que suporte e infraestrutura custam. Em cursos de graduação e de mestrado a diferença de preço entre alunos internacionais e domésticos é grande. Vale lembrar que o país tem em educação uma das suas principais fontes de receita - atrás apenas do turismo, agronegócio e da silvicultura – e as mensalidades pagas pelos estrangeiros é que, basicamente, tornam isso possível.

Mas, uma vantagem significativa que o país oferece aos estudantes estrangeiros é a possibilidade de trabalhar por até 20 horas semanais para o estudante ajudar a bancar sua vida no país. Caso ele traga um parceiro junto com ele, e não precisa ser casado oficialmente, o companheiro pode trabalhar em tempo integral.

A oferta de bolsas de estudo também é farta. Tanto as universidades como o governo têm iniciativas para conceder apoio a estudantes.

Quem quiser tentar uma bolsa oferecida pelo governo para estudantes latino-americanos, por exemplo, precisa se apressar, porque as inscrições terminam ao meio-dia do dia 30 de março, lá na Nova Zelândia, ou seja, até amanhã no Brasil. As informações sobre as bolsas estão no site do Ministério das Relações Exteriores da Nova Zelândia.

As candidaturas para o doutorado são recebidas pelas universidades em qualquer data do ano, mas quem quer tentar bolsa de estudo está sujeito a prazos específicos.

Como se candidatar ao doutorado

A facilidade do PhD a que Chicca, o professor da Victoria University, se refere não é só em relação ao investimento financeiro. O processo de candidatura também é mais simples do que no Brasil e quem explica isso é outro professor brasileiro que EXAME.com encontrou na Nova Zelândia: Genaro Oliveira, do departamento de Estudos Latino-Americanos da University of Auckland, a maior da Nova Zelândia.

Ele, que também fez doutorado lá e acabou conseguindo emprego na própria universidade, diz que os interessados em seguir esse caminho devem, em primeiro lugar, entrar em contato diretamente com o professor que eles consideram que poderia ser o orientador do projeto.

“Ou podem encontrar o que eles chamam de academic advisor, um consultor que os departamentos também têm”, diz. Ele que é pesquisador da área de História entrou em contato com um professor do departamento de História da University of Auckland.

“Os perfis dos professores são públicos, podem ser encontrados nos sites das universidades”, diz. De acordo com ele, a taxa de resposta é de 90%, ou seja, os acadêmicos de lá são, sim, bastante acessíveis.

Essa é a primeira etapa e é o que vai abrir o diálogo para a candidatura. Na verdade, são duas candidaturas: uma para o departamento e outra para a universidade. “Os brasileiros confundem um pouco isso, mas dois processos interdependentes: o departamento aprova primeiro a parte acadêmica do projeto e a universidade fica com a parte burocrática, para ver se o candidato tem todos os documentos necessários”, explica.

A apresentação do projeto para o departamento pode ser bem mais concisa do que geralmente é no Brasil. Segundo Oliveira o aluno não precisa escrever tanto. “No Brasil você tem que escrever páginas, às vezes uns documentos de 12, 15 páginas e aqui já vi pessoas sendo aprovadas com um projeto de uma página apenas.

De acordo com ele, há um formulário em que o estudante escreve a área de estudo, o título provisório, um resumo do projeto, a sua relevância acadêmica, a metodologia e a bibliografia.  O resumo, a relevância e a metodologia são textos que não podem ultrapassam 300 palavras cada um.

“Aí o projeto vai ser debatido com o possível orientador e possíveis colegas de trabalho”, diz Oliveira. Recebendo a aprovação, o aluno começa então a reunir a papelada para dar entrada no pedido para a universidade.

É a hora de enviar traduções juramentadas de diplomas e do histórico acadêmico. Boas notas na trajetória são fundamentais também para conseguir a aprovação. O aluno também terá que comprovar que fala bem inglês, por meio de testes como o IELTS ou o TOEFEL.  “Basicamente de compilar a sua documentação e atestar que a documentação é verdadeira e cumpre com os requisitos”, diz Oliveira.

Feira grátis de estudos da Nova Zelândia acontece em São Paulo

No próximo dia 8 de abril, universidades e instituições de ensino da Nova Zelândia desembarcam em São Paulo (SP) para mostrar suas opções de cursos para os brasileiros interessados em estudar no país. A Victoria University, de Wellington, é uma das instituições que já confirmaram presença.

O evento é gratuito e as inscrições para participar já podem ser feitas pela internet. É a primeira vez que a Nova Zelândia ganha uma feira de educação exclusiva em São Paulo e quem promove é a Education New Zealand, agência de educação internacional do governo do país.

SERVIÇO

EXPO Study In New Zealand.

Quando: dia 8 de abril, no Hotel Intercontinental (Alameda Santos, 1123, São Paulo (SP).

Inscrições: gratuitas pelo site da Expo New Zealand.

*A jornalista viajou a convite da Education New Zealand, agência de educação internacional do governo da Nova Zelândia

 

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