Para garantir uma boa nota na dissertação é fundamental que o aluno não apenas compreenda quais temas costumam ser exigidos nessa etapa da prova, mas também enriqueça o repertório (Dusan Stankovic / Getty Images/Divulgação)
Repórter
Publicado em 2 de novembro de 2024 às 11h28.
A primeira prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está prevista para este domingo, 3, e as mais de 4,3 milhões de pessoas inscritas nesta edição vão com a expectativa de, além de irem bem nas 90 questões de humanidades desta primeira etapa, garantirem uma boa nota na redação, já que é uma parte da prova que tem muito peso na nota final – mas como fazer um texto de qualidade para o Enem?
Para garantir uma boa nota na dissertação, Anna Cabral, professora de redação do Estratégia Vestibulares, escola de cursos preparatórios para concursos públicos, OAB, vestibulares e residência médica, afirma que é fundamental que o aluno não apenas compreenda quais temas costumam ser exigidos nessa etapa da prova, mas também enriqueça o repertório para além dos livros e materiais didáticos. Para isso, assistir a filmes e séries pode ser uma alternativa mais leve e igualmente eficiente na preparação para a parte escrita do Exame.
“A redação exige que os candidatos demonstrem conhecimentos socioculturais, normalmente relacionando temas da atualidade a questões sociais, por isso as obras audiovisuais se tornam aliadas valiosas na rotina de estudos”, afirma Cabral.
Pensando em ajudar os alunos com a bagagem sociocultural e preparação para o Enem, a professora separou uma lista com 10 filmes que abordam questões que podem cair na dissertação do vestibular:
A obra brasileira conta a vida de Val, uma empregada doméstica que trabalha para uma família de classe alta em São Paulo. Após a chegada de sua filha, a dinâmica estabelecida entre empregados e patrões é afetada, revelando as tensões sociais entre classes no Brasil. “O filme é uma ótima escolha para discutir temas como mobilidade social e as desigualdades que persistem na sociedade”, diz Cabral.
Bacurau é um clássico que retrata a vida de uma comunidade fictícia, isolada no sertão brasileiro, que descobre que não está mais nos mapas. Além disso, a história se complica quando os moradores começam a ser atacados por estrangeiros.
“A obra oferece uma reflexão sobre a história de resistência das comunidades tradicionais, sendo uma referência rica para discutir o colonialismo e os contrastes entre o Brasil profundo e as influências externas”, afirma a professora.
O clássico do cinema nacional, baseado no livro de Paulo Lins, retrata a história de jovens que cresceram na favela carioca que dá nome ao filme, desde os anos 1960 até 1980. Segundo a professora, a produção pode ser citada em redações que discutem a violência nas periferias, a exclusão social e as desigualdades urbanas, temas recorrentemente abordados no Enem.
É um documentário que explora os impactos das redes sociais na sociedade moderna, abordando questões como a manipulação de informações, a privacidade dos usuários e as consequências do vício digital.
“Essa obra pode ser utilizada de exemplo para discutir a influência das redes sociais na formação de opiniões e comportamentos, além de questionar os limites éticos da tecnologia”, diz a professora.
Baseada em fatos reais, a obra conta a história de três mulheres negras que trabalharam na NASA durante a corrida espacial dos anos 1960, destacando a luta das cientistas contra o racismo e o machismo no ambiente de trabalho.
“O filme serve como referência em discussões sobre o racismo, à valorização das mulheres na ciência e à superação de barreiras sociais”, afirma Cabral.
O filme Sul-Coreano faz críticas à desigualdade social, mostrando a relação entre uma família pobre que se infiltra na vida de uma família rica de Seul.
“É uma obra versátil para explorar as dinâmicas de classe e os impactos da desigualdade em diversas esferas da sociedade, uma vez que aborda como a estrutura social muitas vezes impede a mobilidade das classes mais baixas, questionando a ideia de meritocracia”, diz a professora.
Outra obra baseada em fatos reais que narra a vida, de forma brutal, de Solomon Northup, um homem negro livre que é sequestrado e vendido como escravo nos Estados Unidos antes da Guerra Civil.
“O filme busca retratar as condições de vida dos escravizados e das práticas racistas da época, podendo ser usado para discutir o legado da escravidão e os impactos do racismo na sociedade contemporânea”, diz a professora.
O filme mostra como um professor cria um experimento para explicar os mecanismos do autoritarismo a seus alunos, mas acaba vendo o grupo se transformar em um movimento autocrático, exibindo os perigos do extremismo.
“É uma referência relevante para temas sobre política, poder e a construção de regimes autoritários”, afirma Cabral.
A obra britânica conta a história de um trabalhador que, após sofrer um problema de saúde, enfrenta a burocracia do sistema de assistência social, fazendo um retrato sensível das dificuldades enfrentadas pelas pessoas mais vulneráveis em acessar os direitos básicos.
“O filme é ideal para discutir temas como a eficiência do Estado, a dignidade humana e as falhas do sistema de proteção social”, diz Cabral.
O filme narra a vida de Alan Turing, um matemático britânico que decifrou códigos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e foi perseguido por ser homossexual. “A obra traz à tona a importância do reconhecimento dos direitos LGBTQ+ e o impacto de grandes mentes no avanço da ciência e tecnologia”, afirma a professora.