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Eles querem o visto EB-5: nova onda de empreendedores brasileiros chega nos EUA; entenda o movimento

O Brasil foi considerado o sétimo maior país em 2023 a receber vistos EB-5, que é destinado para estrangeiros que possam investir no país norte-americano

Nova Yorque - Manhattan, EUA. Mais de US$ 53.6 bilhões foram investidos nos EUA, desde 1990, por imigrantes que aplicam para o Visto de Investidor EB-5, apoiando o crescimento econômico do país (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 26 de setembro de 2024 às 16h49.

Última atualização em 27 de setembro de 2024 às 10h02.

Cada vez mais brasileiros estão buscando investir e empreender nos Estados Unidos. O Brasil foi considerado o sétimo país em 2023 a receber mais pedidos de vistos EB-5, que é destinado para estrangeiros que possam investir nos Estados Unidos, principalmente em regiões menos desenvolvidas.

O EB-5 é um dos vistos mais requeridos por brasileiros, tanto que até este mês, o número de pedidos registrou um aumento de 30% em comparação ao último ano, afirma Marcelo Gorenstein, diretor da LCR Capital Partners no Brasil e América Latina, com base em dados dos Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS).

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“Empresários brasileiros de diversas áreas estão investindo nos EUA. Temos observado um aumento significativo entre sócios de empresas familiares de médio porte que estão vendendo participações ou nomeando representantes legais para administrar os negócios à distância”, afirma Gorenstein.

Desde a criação do visto de investidor em 1990, mais de 53.6 bilhões de dólares foram investidos nos EUA por imigrantes que aplicam para o EB-5, apoiando o crescimento econômico do país. É estimado que desse valor, 545 milhões de dólares vieram de brasileiros, afirma Gorenstein.

“Antes de 2013, o Brasil não fazia parte do top 10 países que mais receberam visto EB-5. Desde então, o cenário mudou. Entre 2016 e 2023, o Brasil esteve entre os 10 principais países que receberam visto de investidor. Nos próximos anos, provavelmente veremos um aumento significativo por este tipo de visto”, diz o advogado de imigração.

O que atrai os empresários brasileiros?

O visto EB-5 tem se destacado este ano devido à resiliência da economia americana, aliada à qualidade de vida e segurança em regiões como Orlando, afirma Gorenstein, fatores que atraem muitos brasileiros para os Estados Unidos.

“Além da oportunidade de ter um retorno financeiro em dólar, o empresário que normalmente busca esse tipo de visto tem como contrapartida conseguir o Green Card, documento que permite residência legal permanente nos Estados Unidos, não apenas para si, mas também para o cônjuge e filhos menores de 21 anos”, diz o advogado de imigração.

Quanto custa obter o visto EB-5?

O custo do visto EB-5 inclui taxas como custos de processamento pelo governo dos EUA e honorários jurídicos, além de um aporte de no mínimo 800 mil dólares em um projeto localizado em uma área determinada pelo governo dos EUA, afirma Gorenstein.

“O projeto deve gerar ou preservar, no mínimo, 10 empregos de tempo integral para trabalhadores qualificados nos EUA”, diz o advogado.

Para investimentos fora de uma Área de Emprego Alvo (TEA) o valor mínimo de investimento é de 1,050 milhão de dólares, afirma Talitha Krenk, advogada de imigração que vive nos Estados Unidos.

“O valor do investimento será automaticamente ajustado à inflação a cada cinco anos, a partir de 1 de outubro de 2024. O Departamento de Segurança Interna (DHS) também poderá atualizar o valor mediante publicação”, afirma Krenk

O empresário Carlos Eduardo Makimoto, de 37 anos, vai empreender no próximo ano nos Estados Unidos por meio do visto EB-5. Ele abrirá uma nova filial da “Aesa Empilhadeiras”, empresa de São Paulo que há 70 anos oferece como serviço aluguel de equipamentos para movimentação industrial, como empilhadeiras, plataformas elevatórias e tratores.

Para ele, a escolha para investir nos Estados Unidos foi motivada pelo ambiente de negócios que poucos países oferecem.

“O mercado consumidor é enorme, no caso das empilhadeiras, estamos falando de 15 vezes o tamanho do mercado consumidor do Brasil, ocupando a segunda posição no ranking mundial, enquanto o Brasil está em 12º lugar”, diz Makimoto.

Os Estados Unidos também possuem um sistema tributário simplificado e voltado a taxar a renda enquanto no Brasil taxamos o consumo, afirma o empresário.

“O americano médio consegue acessar bens materiais que vão além das necessidades básicas, o que mantém o setor produtivo girando, níveis de desemprego baixos e a economia pujante.”

Além dos negócios, os Estados Unidos foi a melhor escolha para Makimoto levar a família.

“Minha esposa está prestes a ganhar bebê e gostaríamos de um ambiente mais seguro para que nosso filho cresça. Não consigo encarar com naturalidade que andemos em carros blindados pelas ruas de São Paulo como se algo normal fosse. O acesso à educação de qualidade também pesou na nossa decisão", diz o empresário.

Carlos Eduardo Makimoto, de 37 anos, conseguiu o visto EB-5 e abrirá uma filial de sua empresa nos Estados Unidos (Aesa Empilhadeiras/Divulgação)

A outra opção para empreendedores: EB2-NIW

Os vistos EB são vistos para imigrantes, para quem deseja se mudar para os Estados Unidos, mas há 5 variações.

O que está tendo uma forte demanda atualmente é o visto EB-5, que serve para quem pode ser um investidor. Neste caso, o solicitante precisará aportar no mínimo 800 mil dólares em áreas específicas e gerar 10 empregos por investidor.

Mas existe outra opção para quem deseja empreender, é o visto EB-2, voltado para profissionais qualificados, com habilidades excepcionais ou diplomas avançados.

“O EB2-NIW é atrativo para empreendedores porque nele o empreendedor pode elaborar um plano de negócios de interesse nacional e não há essa exigência de valores que o visto EB5 exige”, afirma Krenk.

A empresária Tati Marzullo conseguiu o visto EB2-NIW em 2021. Entre várias documentações, Marzullo precisou apresentar um plano de negócios, sobre a relevância da empresa para o mercado americano.

“Nele apresentamos um programa de treinamento de liderança que chamamos hoje de ‘Smart Leader’, para líderes de diferentes idades, gêneros e companhias, além de um programa especial focado em mulheres executivas.”

Para obter o EB-2, além de apresentar um plano de negócio e comprovar condições financeiras, Marzullo precisou apresentar suas referências no mercado brasileiro, como cartas de todos os ex-chefes e comprovação da sua trajetória profissional.

Tati Marzullo de amarelo reunida com a primeira turma do Programa Salto Alto, voltado para mulheres na liderança, em Orlando, EUA (Programa Salto Alto/Divulgação)

Em 2023 Marzullo se mudou com a família para os Estados Unidos com o visto de residente permanente e recebeu o green card após uma semana como residente. Em abril deste ano, o primeiro programa apresentando no processo de imigração foi realizado em Orlando.

“Esse processo de visto me mostrou o quanto é importante fazer um bom trabalho e prezar pelos bons relacionamentos. Todos os meus chefes me referenciaram, isso me ajudou a realizar esse sonho de internacionalizar a minha empresa”, diz a empresária.

Veja imagens de alguns lugares dos Estados Unidos

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