Dia da mentira: mentir no currículo pode gerar até demissão por justa causa (alashi/Getty Images)
Repórter de Carreira
Publicado em 1 de abril de 2023 às 10h16.
Última atualização em 1 de abril de 2023 às 11h14.
Neste sábado, 1º de abril, é comemorado o Dia da Mentira e muitas pessoas vão aproveitar a ocasião para pregar peças em amigos ou familiares. Mas, tem muito profissional por aí que também leva o comportamento, aparentemente inofensivo, para a carreira.
Segundo dados da consultoria de recrutamento DNA Outplacement, com base em 6 mil documentos, 75% dos currículos enviados às empresas continham informações falsas. Entre as principais inverdades estão, claro, aumentar o grau de escolaridade ou adicionar cursos falsos ao documento.
O comportamento, porém, além de ser mal visto pelas empresas pode trazer sérias consequências. De acordo com uma pesquisa da consultoria Robert Half, realizada no ano passado com 300 executivos no Brasil, 55% dos líderes citam as mentiras no currículo ou entrevistas como os erros que mais comprometem a probabilidade de candidatos conquistarem uma vaga. Ao definir a falha mais grave, 23% colocam as mentiras na primeira posição.
Segundo Amanda Adami, gerente de recrutamento da Robert Half, os recrutadores estão cada vez mais preparados para identificar fraudes, inclusive, com a ajuda da tecnologia. Além disso, as empresas estão flexíveis quanto à busca pelo candidato 'perfeito', que preencha 100% dos pré-requisitos para uma posição.
"Muitas já entendem que, ao não abrir mão de determinada competência, correm o risco de perder pessoas que poderiam vir a ser ótimos profissionais no médio e longo prazo, ou até mesmo de cruzar com candidatos que mentiram para participar do processo", diz Amanda.
"Hoje, na situação de uma pessoa muito forte pelo ponto de vista comportamental, mas com algum gap de qualificação técnica “superável”, a tendência é pela flexibilização", afirma a especialista.
Porém, caso o candidato opte por, ainda assim, mentir no currículo e consiga a vaga, os impactos podem ser bastante sérios. O primeiro é o impacto na saúde mental dos profissionais que, no dia a dia, vão precisar sustentar a mentira, além de conviver com a preocupação constante de serem descobertos.
"A manutenção de uma versão irreal de si é algo que o ser humano simplesmente não consegue fazer por muito tempo, podendo até gerar distúrbios de personalidade", diz Amanda.
A descoberta de uma mentira tem consequências graves, indo desde a perda do emprego e danos à reputação profissional. Na pior das hipóteses, é possível ser demitido por justa causa, pois falsificar documentos, como um diploma, por exemplo, é considerado crime.
Nessas situações, a melhor saída é assumir o erro e se desculpar, ainda que não surta o efeito desejado. "Definitivamente é uma situação bem complicada, pois encontrar mentiras no currículo está entre os principais motivos que fazem um recrutador descartar um candidato logo nas primeiras etapas da seleção", diz Amanda.
Na maioria das vezes, a mentira surge como uma forma de os profissionais esconderem a falta de habilidades ou competências exigidas em uma vaga. Neste caso, entretanto, há melhores estratégias que simplesmente inventar algo que não possui. Uma das possibilidades é retomar a busca por vagas mais aderentes ao momento de carreira.
Outra é seguir no processo, apostando nas habilidades comportamentais. Ser honesto neste momento, inclusive, pode fazer os profissionais ganharem pontos extras. " Algumas habilidades comportamentais estão em alta entre os empregadores e devem ser exaltadas, como flexibilidade, comunicação, adaptabilidade, resiliência, senso de dono e visão estratégica", afirma Amanda.
"Ao perceber nas habilidades desejáveis, ser honesto e aberto sobre isso é extremamente recomendado. Em vez de mentir, é possível destacar experiências relevantes e bons resultados em empregos anteriores, demonstrando disposição para aprender, se qualificar e crescer na posição", diz a especialista.
A seguir, as mentiras mais comuns no currículo e o que fazer ao invés de contar uma delas