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Como se preparar financeiramente para uma demissão

Veja o que fazer para enfrentar esse período com a maior tranquilidade possível


	Sem planejamento para emergências, a demissão pode impactar profundamente nos planos financeiros de uma família
 (Wilson/Getty Images)

Sem planejamento para emergências, a demissão pode impactar profundamente nos planos financeiros de uma família (Wilson/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2013 às 12h10.

São Paulo - Pressionadas pela crise internacional e pelos fracos resultados da economia brasileira, diversas empresas vêm anunciando cortes ou reestruturações. Nos últimos meses, funcionários de grandes empresas, como IBM, TAM, Itaú, Santander, passaram por demissões, experiência que pode desestruturar todos os planos financeiros de uma família.

Gastos mensais precisam ser revistos e planos de cursos, viagens, troca de carro, aquisição ou quitação de um imóvel são deixados em segundo plano. "Poucos profissionais pensam na possibilidade da demissão ou fazem reservas financeiras para o caso de isso acontecer", afirma o educador financeiro Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro, de São Paulo.

Mas a mais nova pesquisa Práticas de Demissões de Executivos, da consultoria Lens & Minarelli, divulgada em setembro, mostra que os profissionais deveriam considerar  com maior atenção o risco de uma demissão. Os números mostram que a rotatividade só está aumentando.

Um dos sinais disso, por exemplo, é o aumento da proporção de executivos que já amargaram mais de um corte. "Em 2010, eles eram 44%. Em 2012, 52% deles já estavam passando por sua segunda demissão", comenta Mariá Giuliese, diretora executiva da consultoria.

O estudo também identifcou a redução do pacote de benefícios pós-demissão. Em 2005, 70% das empresas davam gratifcações em
dinheiro aos demitidos. no ano passado, apenas 25% das companhias fizeram isso. "A concessão de benefícios está cada vez mais limitada ao que a lei determina, por isso, mais do que nunca é preciso se preparar", aconselha Mariá.

Foi justamente por não imaginar que a demissão um dia bateria à sua porta, que o executivo Maurício Oliveira, de 28 anos, jamais se preocupou em guardar dinheiro para essa finalidade. O carioca, que vive em São Paulo desde 2007, recebeu no começo do ano um convite para mudar de emprego e ocupar um cargo de consultor sênior em outra companhia.

Três meses depois, a empresa não quis manter o contrato e Maurício ficou sem emprego. Como não tinha nenhuma reserva, ele teve de colocar o carro à venda,  e sua mulher, Taiana Melo, cancelou a matrícula no MBA que começaria. "Todo o nosso planejamento era
com base naquele emprego, e não deu tempo sequer de começar", diz.


Por sorte, contrariando as estatísticas que indicam o prazo médio de seis meses para se recolocar, Maurício conseguiu um novo trabalho
em apenas um mês e foi contratado pela multinacional Oberthur Technologies para um cargo de média gerência.

Da demissão, ele tirou como lição a necessidade de fazer uma poupança para momentos emergenciais como esse. "Minha mentalidade mudou. Desta vez, eu e minha esposa nos propusemos a guardar 30% de nossa renda por quatro meses, caso um dos dois fque fora do mercado", revela.

Reserva anual

Segundo Mauro Calil, a proteção composta de fundo de Garantia do Tempo de serviço (FGTS) e seguro-desemprego não costuma ser suficiente para manter o padrão de vida dos executivos. Por isso, ficar desempregado pode impactar fortemente a rotina da família.

"Recomendo fazer um colchão financeiro em renda fixa,  que cubra o mínimo de 12 meses de suas despesas. se o seu gasto anual é de 60.000 reais, você terá de ter essa quantia em renda fixa", explica.

Como é impossível somar esses recursos de uma hora para a outra, planejamento e assiduidade são fundamentais. "No primeiro mês,
reserve 1% dos vencimentos, no segundo mês, 2%, no terceiro, 3% e assim por diante, até que tenha o hábito de salvar ao menos 10% mensalmente", diz.  Bônus, 13º salário e participação nos lucros (PLR) devem entrar nessa poupança. 

Foco para não errar 

Foi por ter um grande controle financeiro que a advogada Elisabeth Eusébio de Moraes, de 33 anos, de São Paulo, conseguiu manter-se serena após um inesperado desligamento da empresa de siderurgia em que trabalhava havia cinco anos como advogada sênior. "Na primeira semana foi terrível. Eu ficava me perguntando o que tinha feito de errado", lembra.

Mas como tinha reservas sufcientes para cobrir suas despesas por um ano, Elisabeth teve tranquilidade para realizar cursos que lhe devolveram a autoconfiança. Após quatro meses de busca, a advogada foi contratada pela FMC, empresa da área química, como consultora jurídica de negócios no Brasil e na América Latina. "Fez diferença ter segurança e encarar o desemprego como uma situação temporária", diz.

Para Daniel Cunha, sócio-diretor da Exec, consultoria de desenvolvimento, por maior que seja a ansiedade nessa fase, não se deve aceitar cargos sem relação com seu projeto de carreira ou com remuneração inferior. Isso porque a tendência é que a pessoa continue buscando outra posição, comprometendo seu desempenho na nova função.

 A boa notícia é que, para alguns especialistas, não devem acontecer mais demissões de larga escala neste fim de ano ou no começo de 2014. 

Para Wilson Amorim, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), o momento não é de crescimento, mas tampouco devem ocorrer grandes cortes.  "Não é hora de expansão de negócios, mas de manutenção", avalia. Mesmo diante de um cenário mais otimista, vale a pena manter a moderação e incorporar as lições de planejamento.

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