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Citigroup revela que funcionárias ganham 29% menos que homens

As mulheres representam mais da metade da força de trabalho do Citigroup, mas apenas 37% em altos níveis de liderança

Citigroup: “Os números são difíceis”, disse diretora global de recursos humanos da empresa (Mario Tama/AFP/AFP)

Citigroup: “Os números são difíceis”, disse diretora global de recursos humanos da empresa (Mario Tama/AFP/AFP)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 15h00.

Última atualização em 17 de janeiro de 2019 às 15h00.

Nova York - O Citigroup ofereceu uma avaliação extraordinariamente contundente a respeito da diferença salarial entre homens e mulheres em sua força de trabalho global nesta quarta-feira, revelando que as funcionárias mulheres ganham 29 por cento menos que os homens.

A divulgação - uma comparação da mediana da remuneração total - oferece um panorama mais completo a respeito dos salários se comparado com os números que o Citigroup e outros grandes bancos divulgaram no ano passado, pressionados por acionistas nos EUA e por órgãos reguladores no Reino Unido.

O banco também informou que, entre os funcionários americanos, os não-brancos ganham 7 por cento menos do que seus colegas brancos.

“Os números são difíceis”, disse Sara Wechter, diretora global de recursos humanos do Citigroup. “Obviamente deveríamos ter 100 por cento de paridade e é por isso que estamos nos esforçando.”

A diferença reflete uma empresa de maioria masculina nos níveis mais altos. As mulheres representam mais da metade da força de trabalho do Citigroup, mas apenas 37 por cento dos funcionários do nível de vice-presidente adjunto ao nível dos diretores-gerentes.

Ao longo dos anos, os bancos perderam executivos negros. Em 2017, o Citigroup registrou queda no número de executivos bancários negros pelo oitavo ano consecutivo. Os funcionários negros representam apenas 1,8 por cento dos cargos executivos e dos gerentes seniores, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A nova divulgação contrasta com os números divulgados pelo Citigroup no ano passado. Em respeito a uma nova legislação no Reino Unido, o banco informou que entre seus funcionários britânicos, as mulheres ganhavam 44 por cento menos que os homens, diferença que aumentava para 67 por cento se incluídos os bônus.

Mais ou menos na mesma época, e pressionado pela Arjuna Capital, o Citigroup e vários outros grandes bancos americanos informaram uma medida diferente para os funcionários americanos.

Em vez de comparar a mediana das remunerações de homens e mulheres, os bancos “ajustaram” a diferença salarial para contabilizar o cargo, o escalão, o nível educativo e outros fatores que afetam a remuneração. Todos os bancos, inclusive o Citigroup, informaram que, após ajustes, quase não havia diferença salarial entre homens e mulheres.

“Com a divulgação pelas empresas desses números de ’salários iguais para trabalhos iguais’, há muito ceticismo”, disse Natasha Lamb, sócia-gerente da Arjuna Capital.

Em novembro, a Arjuna apresentou uma proposta de acionista solicitando que o Citigroup divulgasse a comparação mais simples das medianas das remunerações de homens e mulheres para toda a sua força de trabalho, de 200.000 pessoas -- e não apenas para os funcionários britânicos.

“Se lidamos apenas com números ajustados estatisticamente, lidamos apenas com metade do problema”, disse Lamb. “Precisamos de mais mulheres em cargos com melhores salários e de liderança.”

Wechter disse que a nova divulgação faz parte do compromisso da empresa com a transparência e com a melhora da diversidade. No verão passado (Hemisfério Norte), o Citigroup publicou um plano para melhorar o equilíbrio de gênero e a representação racial nos próximos três anos.

A Arjuna está retirando sua resolução. “Isso prepara o terreno para que outros acelerem o passo”, disse Lamb. “A iniciativa de divulgar neste nível merece uma medalha de honra e não críticas. Todos sabem que há disparidade.”

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