(pixelfit/Getty Images)
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Publicado em 27 de janeiro de 2025 às 15h00.
Por Pedro Carneiro*
Apesar de 2024 ter sido um período de crescimento modesto no mercado de Venture Capital, as startups brasileiras chegaram a receber mais de US$ 816 milhões de dólares de fundos no segundo trimestre do ano, de acordo com informações da KPMG. E 2025 promete ser ainda melhor. Entretanto, a expectativa de juros mais baixos não quer dizer que o setor voltará a se comportar como em meados de 2020, quando aportes de volumes inflados aconteceram. O modus operandi adotado pelos investidores permanece.
Aos líderes de negócios early-stage, aproveitar a janela de oportunidade significa uma preparação ainda mais complexa para se destacar em um mercado cada vez mais seletivo. O primeiro passo é ter domínio do negócio. Apesar de soar óbvio e ser um fator imperativo, é válido ressaltar que demonstrar conhecimento sobre a própria empresa e ter uma visão macro não só impressiona os investidores, mas também reforça a confiança na sua capacidade de liderar, gerir recursos, focar na execução e promover o crescimento da empresa.
A combinação de transparência, conhecimento e realismo tem aderência na postura dos fundos de priorizar startups com alicerces mais sólidos em detrimento de modelos de negócio baseados em crescimento “a qualquer custo”.
Se preparar tendo como bússola a expectativa do investidor é um exercício interessante. Ao se colocar no lugar de potenciais investidores, é possível prever e se preparar para determinados questionamentos e se destacar. E como estratégias inovadoras são desenhadas a partir de dados, aqui não seria diferente. Para os investidores de Venture Capital, métricas específicas são essenciais para avaliar o potencial e a sustentabilidade de uma startup.
Para o CEO de uma early-stage, as métricas ajudam a posicionar a marca como um negócio eficiente e financeiramente sólido. No levantamento Venture Capital Master Guide, no qual a ACE Ventures entrevistou os maiores e principais VCs do Brasil, dez métricas foram mapeadas. As três principais são: eficiência operacional/de capital, receita recorrente e crescimento de receita.
Outra maneira de entender os bastidores dos investidores de Venture Capital é se rodear de contatos. Cultivar relacionamentos confiáveis e estratégicos pode ajudar CEOs de early-stage a terem leituras mais assertivas do mercado. Além disso, uma boa rede de networking pode fazer com que o empreendedor se destaque em meio à competitividade.
O segredo para fazer isso acontecer é nutrir um interesse genuíno nas trocas de experiências. Isso pode fazer com que a startup ganhe mais visibilidade e seja lembrada em conversas mais exclusivas que estão repletas de oportunidades. Além disso, exercitar com a rede de networking a habilidade da escuta ativa e do aprendizado contínuo pode resultar em um bom relacionamento com investidores após o aporte.
Por fim, para levantar um investimento para a sua startup early-stage, o CEO precisa usar estrategicamente a cautela dos investidores de Venture Capital a seu favor. Assim, “consolidação” não é apenas uma característica de negócios com mais de uma década de existência. É possível mostrar esse diferencial com o estabelecimento de bons controles de governança desde cedo para que o crescimento da empresa seja sustentável e possa ser exemplificado.
Apesar da popularidade e aplicação de novas soluções tecnológicas, como a inteligência artificial, chamarem a atenção do mercado, o mantra do empreendedor latino-americano em 2025 será “crescimento eficiente”. O break-even será buscado pelas startups e estimado por investidores.
*Pedro Carneiro é sócio e Diretor de Investimentos da investidora ACE Ventures.
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