Bússola

Um conteúdo Bússola

Opinião: este ano, rodar com o caminhão sempre cheio será chave para o setor de logística

A nova visão sobre a logística é o que nos faz compreender melhor o papel da sustentabilidade na estrada também, escreve CEO do Freto

Existe uma consciência de que precisamos envolver experiência em frete (Tama66/Pixabay/Reprodução)

Existe uma consciência de que precisamos envolver experiência em frete (Tama66/Pixabay/Reprodução)

Bússola
Bússola

Plataforma de conteúdo

Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 10h00.

*Por Thomas Gautier

A maioria dos textos sobre tendências em logística para 2025 que você vai ler seguirão linha semelhante entre si. Se me der a chance de adivinhar, arrisco dizer que vão falar sobre dados, inteligência artificial e sustentabilidade. Eu prefiro começar por uma premissa diferente: uma das principais tendências do transporte de cargas para 2025 é a mudança – em andamento – da visão que boa parte das empresas tem hoje sobre logística.

Quem não entendeu essa visão nova já começou a ficar para trás 

Embora pareça utópico, pensar a estratégia logística daqui para frente exige imaginar um futuro em que todos os caminhões da frota que atende à sua empresa vão viajar sempre cheios. Ao realizar uma entrega, terão outra marcada na agenda, agregarão inteligência à escolha das cargas. Nenhum quilômetro será percorrido em vão. Todo motorista poderá entregar mais utilizando menos recursos. Esse é o novo parâmetro.  

Apesar de que até agora ninguém tenha conseguido os desejados 100% de aproveitamento, esse tipo de visão é pelo menos um bom norte. Sim, trata-se de uma nova Estrada. A visão de rodar com o caminhão sempre cheio é impulsionada por times com profundo conhecimento sobre a rotina do transporte, que usam sua experiência para inovar, reestruturar o frete conforme os novos tempos e fazer da digitalização uma das suas ferramentas de alta performance.

Claro que há obstáculos

De acordo com estimativas do mercado brasileiro, os caminhões ainda rodam vazios em média entre 30% e 40% do seu tempo. As organizações têm percebido, no entanto, que não há alternativa para se manter competitivo no mercado a não ser abraçar uma nova visão sobre a logística. Tem ficado mais evidente a diferença entre empresas que pararam no analógico e as que souberam incorporar mudanças para dar um salto em nível de serviço, agilidade e redução de custos.

Por isso, não gosto de dizer que tecnologia é tendência para 2025. Ano a ano a tecnologia se encaixa nessa categoria, não é nenhuma novidade. Segundo a consultoria McKinsey, somente 13% das organizações do Brasil que digitalizaram parte de suas cadeias de suprimento conseguem aproveitar o potencial completo do que implantaram. Então, a tecnologia chegou, e qual foi a consequência disso?

Se em muitos casos os resultados da chegada de recursos tecnológicos ainda não atingiram o seu auge, observo dentro das empresas que existe uma percepção maior sobre a necessidade de se organizar para expandir os efeitos da inovação.

Existe uma consciência de que precisamos envolver experiência em frete, revisar e simplificar processos, capacitar pessoas, reassumir a estratégia do transporte de cargas dentro das organizações e, com visão sistêmica, abarcar tudo o que puder gerar eficiência operacional na logística. Ou seja: jamais perder de vista a possibilidade de rodar com o caminhão cheio o tempo todo.  

A nova visão sobre a logística é o que nos faz compreender melhor o papel da sustentabilidade na Estrada também. Incentivar uma inteligência sustentável com soluções que já nasçam com impactos reduzidos, ajudando a consumir menos combustível, gerar menos gases nocivos para o meio ambiente e aumentar a qualidade de vida dos profissionais envolvidos na logística. Mais tendência do que a sustentabilidade em si é a nova visão da logística, que não consegue existir sem esses princípios.  

E a sua empresa? Já mudou a visão que tem sobre a logística?

*Thomas Gautier tem duas décadas de experiência em grupos internacionais e assumiu como CEO do Freto em 2021. O executivo iniciou sua carreira na França e tornou-se CFO da Repom, no Brasil, em 2013. Em 2017, virou diretor-geral da Repom e, em 2018, passou a ser Head de Logística do Grupo Edenred, quando, em sua gestão, o Freto nasceu.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube 

Acompanhe tudo sobre:Logística

Mais de Bússola

Além do capital: estratégias para o crescimento sustentável das fintechs brasileiras

Empresa aposta no interesse dos brasileiros por ‘casas de marca’ nos EUA

Evento do setor de alimentação divulga dados exclusivos do relatório de felicidade global 

Opinião: a lei de resíduos sólidos pegou de verdade?