É preciso pensar que todo sucesso tem uma grande parcela de suor, dedicação e, principalmente, falta de conforto para ser alcançado (Irina_Strelnikova/Getty Images)
Bússola
Publicado em 27 de abril de 2022 às 16h45.
Última atualização em 27 de abril de 2022 às 17h31.
Por Jorge Martins*
Parece bobagem dizer isso, mas nunca sabemos como será o dia de amanhã, principalmente quando falamos de carreira. Então, além do que todos os profissionais já sabem, que não se deve fechar portas nem sair em uma situação ruim de uma empresa, outra sugestão é que nunca se deve parar de olhar o mercado ou deixar de ouvir propostas que surgem, mesmo que você esteja bem no seu emprego atual.
É muito comum que quando o profissional está estabilizado, bem na carreira e se sentindo confortável financeiramente e profissionalmente, ele pare de buscar oportunidades e de ouvir eventuais propostas. No entanto, com o mercado cada vez mais volátil é um erro muito grande, afinal não existe garantia de emprego vitalício, por mais que o colaborador vista a camisa do local onde trabalha.
Vale lembrar que para as corporações muitas vezes aquele funcionário é apenas um número. E mesmo quando ela o valoriza, caso seja necessário algum corte, pode ser que a empresa precise pensar nos negócios e não possa continuar com ele. Por isso, não é errado ser egoísta com a sua carreira.
Para se manter sempre ativo e visto no mercado, é sempre bom fazer cursos para se manter atualizado, além de levar em conta participar de congressos para manter o networking, deixar o LinkedIn atualizado, olhar vagas para saber se seu salário continua competitivo e, principalmente, caso seja procurado por recrutadores, nunca recuse uma oportunidade antes de ouvir a proposta e ponderar todos os benefícios da oferta.
Durante minha trajetória profissional já conversei com candidato com mais de dez anos em uma empresa, que durante esse período havia recebido poucos aumentos salariais, pouco reconhecimento e sem qualquer planejamento de carreira, com todos os componentes que justificavam a saída daquele trabalho, mas quando recebem uma proposta acham que não é o momento de sair, que o chefe vai enxergar de outra forma. No entanto, posso afirmar que isso é muito difícil de acontecer. E tenho experiência de muitos anos com carreiras.
É preciso pensar que todo sucesso tem uma grande parcela de suor, dedicação e, principalmente, falta de conforto para ser alcançado. Por isso, muitas vezes é necessário sair da zona de conforto e investir em desafios.
Claro que não há nada errado em não ter um crescimento acelerado de carreira ou até mesmo passar a vida como analista, contanto que você seja feliz assim. Quando falamos de sucesso, abrimos um leque muito grande e importante para avaliarmos. O sucesso de cada um é altamente particular e reforço que o importante é ser feliz.
Contudo, vale destacar que as pesquisas apontam que a maior parte das pessoas empregadas hoje, não está feliz! E achar que vai ter resultados diferentes com as mesmas atitudes de sempre é definição de loucura.
Tanto o colaborador pode ser desligado de forma repentina como ele pode perder o interesse de continuar na empresa depois de alguns anos e por isso é bom sempre estar atento às propostas, afinal, conseguir um emprego novo, sabemos, não é uma tarefa fácil. Muitos profissionais podiam estar em uma realidade diferente e muitas vezes não mudam por medo de novos desafios e pela pseudo sensação de “segurança” (mesmo que infeliz) que o emprego atual aparenta oferecer.
O número de candidatos que recusam uma proposta sem nem ao menos escutar do que se trata ou até mesmo ouvir sobre os benefícios de uma proposta é muito grande. Alguns até ouvem, mas tomam decisões baseadas em fatores emocionais enquanto as empresas, na hora de uma promoção, aumento ou demissão, avaliam números.
Com a chegada da pandemia, os candidatos estão ainda mais amedrontados quando o assunto é mudar de empresa, e muitos não querem nem mesmo escutar o que recrutadores têm a oferecer. De dois anos para cá, quando modelos de trabalho se alteraram, ficou altamente normal atitudes como não atender ao telefone, não demonstrar empatia ao próximo, indisponibilidade para comunicações espontâneas, falta de atenção a informações relevantes e medo de “se abrir” para o novo. E tudo isso dificulta muito a percepção de boas oportunidades.
*Jorge Martins é CEO da consultoria de RH Bullseye Executive Search
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