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Por que ainda faltam produtos para atender a economia prateada?

Economia Prateada movimenta R$ 1,7 trilhão por ano no Brasil, mas os sêniores reclamam que não existem produtos e serviços suficientes para eles

Etarismo ainda afeta um mercado promissor (Stephen Zeigler/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 28 de novembro de 2022 às 18h45.

A “Silver Economy” ou “Economia Prateada” já movimenta R$ 1,7 trilhão por ano no Brasil, e as taxas de crescimento da população, segundo a autoridade demográfica nacional, apontam para um crescimento contínuo. O mercado formado por pessoas com 50 anos ou mais já abrange 54 milhões de consumidores no país. As estimativas indicam que a movimentação financeira da longevidade chegará a R$ 3 trilhões em 2030. Nos Estados Unidos, o segmento já movimenta US$ 3,4 trilhões por ano.

Essas mudanças vêm motivando o nascimento das agetechs, que utilizam tecnologia para atender às necessidades da população 50+ e de quem cuida dela. Dentro deste cenário, surge a Silver Hub, aceleradora pioneira e especializada no mercado de longevidade, que participa diretamente do desenvolvimento de startups.

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Os serviços e produtos voltados à longevidade no Brasil estão em fase de criação comparado com outros países mais desenvolvidos. “Os fundos de investimentos ainda não colocaram os olhos na Silver Economy, mas isso mudará no curto prazo”, diz Cristián Sepúlveda, CEO da Silver Hub.

Da mesma forma expressa-se o sócio-diretor da corretora Segasp, César Tadeu Carloni, que tem mais de 40 anos no negócio de seguros, um dos pioneiros em identificar o potencial de crescimento do segmento da longevidade. Para ele, o mercado está em crescimento, a população está envelhecendo, nossa estimativa de vida está aumentando, sem diferenciação de classes sociais.

Ele ainda ressalta que o público sênior sabe o que quer e, por isso, não vai comprar ou se servir de qualquer coisa. “O maduro se permite a falar não a agir, sem reservas e isso aumenta o desafio, diferente do que o público jovem, que necessita de autoafirmação e de aceitação do meio .

A tendência de transformação do mercado, com o avanço da medicina aliada à tecnologia proporciona a homens e mulheres uma vida mais longeva. Nessa perspectiva, a diretora de Seguros Gerais da Mapfre, Patrícia Siequeroli, reforça uma disruptura da sociedade contemporânea. “Pensar que há uns 30 anos, um cidadão de 50 anos era considerado “velho”; hoje essa é uma realidade bem diferente, e em 10 anos será ainda mais. Hoje a população de seniores é ativa e consumidora de diferentes serviços. E isso tende a aumentar ainda mais”.

Segundo Patrícia, naturalmente as pessoas irão envelhecer. “O importante é envelhecer com saúde e tendo a oportunidade de viver e curtir cada fase da vida. O emocional conta muito nesse processo e se há oportunidades disponíveis para que isso seja trabalhado, facilita que o “viver bem” seja cada vez mais prolongado. O empreendedorismo favorece a criação de novas ideias, novos projetos, produtos e serviços que estimulem o “viver bem” nessa fase da vida”.

“A população 50 mais é ativa e consumidora de diferentes serviços e já exige soluções específicas de saúde, entretenimento, educação, esportes, entre outras, em busca de uma melhor qualidade de vida”, declara o diretor comercial da Think IT, Marcelo de Souza Barradas. Na avaliação dele, o número de consumidores é crescente e com maior poder aquisitivo, no entanto, o mercado brasileiro está em um estágio inicial, ainda carente e muito pouco explorado.

“O etarismo afeta o desenvolvimento do mercado", diz o cofundador da Silver Hub e ex-CEO da Mapfre Seguros, Marcos Eduardo Ferreira. Ele considera que as empresas ainda não entenderam a grande transformação. As pesquisas apontam que, na opinião do público sênior, os serviços não estão desenhados para atender às suas necessidades.

“Basicamente, todas as pesquisas, de diferentes segmentos econômicos, indicam nessa direção. Seja porque os produtos ainda não tenham sido adaptados, ou desenvolvidos para a expectativa dos 50 mais, ou porque o processo de comunicação da indústria com este público ainda não esteja alinhado”, diz Marcos.

O mercado para o público sênior no Brasil ainda está em fase inicial, contudo, já existem algumas startups voltadas para esse público maduro como a Maturi que conecta pessoas acima de 50 anos a oportunidades de trabalho, networking, desenvolvimento pessoal e profissional.

Tech Balance, que ajuda a prevenir fragilidades motoras através de telefisioterapia; IS Game, que desenvolveu o Programa Cérebro Ativo para Promover a qualidade de vida e a saúde mental de pessoas com 50 anos ou mais; Vida60mais, um marketplace de produtos e serviços voltados para os seniores; Homens de Prata, que é uma plataforma de comunicação; Yolex, que atua como um clube de conhecimento e a Truvio que ajuda a prevenir doenças crônicas, entre outras.

“Há um caminho longo para percorrer e sabemos que temos um grande desafio pela frente, até mesmo de conscientização sobre as oportunidades e os efeitos negativos do etarismo, mas somando forças, somos mais otimistas que essas mudanças vão ocorrer mais rapido”, afirma Sepúlveda.

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