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‘Ou você é mãe, ou é CEO’. Depois de ouvir isso, ela fundou uma empresa que já movimentou R$ 28 mi

Dani Junco fundou a B2Mamy com o objetivo de acelerar startups lideradas por mulheres. Hoje, a empresa também realiza eventos, é coworking, dá aulas e vai expandir para saúde e bem-estar

Dani Junco, fundadora e CEO da B2Mamy. (B2Mamy/Divulgação)

Dani Junco, fundadora e CEO da B2Mamy. (B2Mamy/Divulgação)

Aquiles Rodrigues
Aquiles Rodrigues

Repórter Bússola

Publicado em 9 de setembro de 2024 às 07h00.

O que aconteceria se todas as mulheres do mundo sumissem? O Brasil perderia metade dos seus empreendimentos e as empresas que sobrassem veriam vagar um terço dos cargos de liderança. Com o desaparecimento de metade da população, seria difícil reocupar essas posições.

O cenário é fictício, mas tomou conta da cabeça de Dani Junco durante e após sua gravidez. Na época, em uma severa depressão pós-parto, a empreendedora descobriu uma dor universal.

“E eu coloquei na rede social que estava doendo demais em mim pensar em como eu ia empreender e ser mãe ao mesmo tempo. Daí postei no LinkedIn perguntando ‘vamos tomar um café?’. Eu esperava 4 pessoas e vieram 80”, conta.

Dani viu no episódio um fenômeno social que precisava ser explorado.  Ela continuou os encontros, transformou visão em estratégia e hoje é dona da B2Mamy, socialtech, aceleradora, edtech, coworking, espaço de eventos e maior comunidade de mães da América Latina

Se falou em "mãe", pensou em B2Mamy

Com um modelo B2B2C, a startup tem rendimento constante, já atingiu o breakeven e é acelerada pela O Boticário.

Desde a fundação, em 2016: 

  • 100 mil mulheres foram impactadas
  • 3 mil empresas foram aceleradas – logo na estreia, ofereceram 10 espaços e 1000 empresas se inscreveram
  • R$ 28 milhões foram gerados – entre negócios entre as empreendedoras, recolocações no mercado e contratações.

“Somos uma one-stop-shop para qualquer player. Se uma mãe precisar de alguma coisa ela vai encontrar aqui”, ela crava. Atualmente, a empresa segue expandindo em novas frentes e procurando oferecer suporte abrangente, mas Dani começou com apenas uma ideia, que surgiu da sua experiência.

“Ou você vai ser uma péssima CEO, ou vai ser uma péssima mãe”

Ela escutou a frase na primeira reunião que teve com uma aceleradora que procurou para impulsionar a B2Mamy.

Ela não era inexperiente. O primeiro negócio da empreendedora de Santos foi a Injoy, que regionalizava ações de marketing de multinacionais do setor farmacêutico. 

“Mas não importava que eu tinha uma empresa que faturava R$ 6 milhões por ano, por eu ser mãe ele falou que eu não ia conseguir”, conta sobre a entrevista com representante da aceleradora. 

Farmacêutica de formação, com forte veia científica e senso empreendedor de berço, Dani usou seu repertório para estudar os porquês, e descobriu que o entrevistador estava certo. 

“Do jeito que estavam construídas as acelerações e o ecossistema de inovação, eu realmente não ia conseguir. Aí que descobri meu modelo de negócio. Eu iria acelerar outras como eu”, conta

Surge um novo negócio para mães empreendedoras

Com um modelo de negócio desenhado, Dani procurou e conseguiu a validação e o apoio das suas sócias na Injoy. Mais tarde, ele 

A B2Mamy começou a operar como uma aceleradora de startups lideradas por mães e mulheres.

Com a pandemia de Covid-19, a empresa expandiu para a área de educação, criando o B2Mamy Academy, uma plataforma que oferece mais de 63 aulas e trilhas de capacitação.

Procurando atender ainda mais as dores mais comuns das mães e empreendedoras, Dani também criou a Casa B2Mamy, hub de inovação com coworking onde as mães podem levar seus filhos e trabalhar sem se preocupar. O espaço também realiza eventos diversos. 

Dani em evento da B2Mamy (B2Mamy/Divulgação)

Não tem propósito bom que salve um produto ruim

Apesar de ser uma empresa com foco em negócios de impacto social, Dani deixa claro que um bom produto e uma boa estratégia de negócios são prioridade. 

“Eu não sou uma ONG, então eu tenho que manter a sustentabilidade financeira e o impacto social ao mesmo tempo. É muito desafiador”.

Segundo ela, um produto ruim é aquele que não resolve um problema real, que não entrega o que o usuário está precisando. 

“Você pode ter um propósito lindo, mas se não entregar o que precisam, você morre. Aqui temos muito desse olhar de business, sem ele eu morro e as mães ficam sem saída”, detalha. 

Para 2024, mais frentes para abraçar

Para 2024, a B2Mamy tem dois focos principais. O primeiro é o desenvolvimento do seu produto B2C, que estreou no começo deste ano e consiste em uma assinatura para quem deseja participar da comunidade. 

O segundo é a aquisição de novos parceiros para garantir a expansão do braço de saúde e bem-estar da marca.  

  • Atualmente a receita da empresa vem 70% dos negócios B2B e 30% dos negócios B2C. 
  • A projeção para o final do ano é crescer, em valor de mercado, 30% na comparação com o ano anterior.

“Eu acredito que estamos ganhando uma certa atração. Eu quero que, quando alguém falar em ‘mãe’, automaticamente pense na B2Mamy. 

E, nesse caminho, também quero que passemos a inverter um pouco a narrativa atual. Ao invés de falar sobre mães no mercado de trabalho, por que não falamos do mercado de trabalho sem as mães? Fica a provocação”, conclui.

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