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O sonho pode ser real: o mundo se encaminha para o fim da pandemia

Ainda estamos com cerca de 104 mil casos novos registrados por dia, mas o volume é 39% inferior ao registrado há duas semanas

Estamos diante de 846 mortes diárias, em média, mas a tendência é que esse número caia fortemente nas próximas semanas. (Eduardo Frazão/Exame)

Estamos diante de 846 mortes diárias, em média, mas a tendência é que esse número caia fortemente nas próximas semanas. (Eduardo Frazão/Exame)

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Publicado em 21 de fevereiro de 2022 às 15h03.

Por Marcelo Tokarski*

A 3ª onda de covid-19 no Brasil parece mesmo estar se encaminhando para o fim. Ainda estamos com cerca de 104 mil casos novos registrados por dia, mas o volume é 39% inferior ao registrado há duas semanas. A queda no contágio tem sido vertiginosa. No início do mês, chegamos a bater em quase 190 mil casos por dia. E, o melhor, a queda está sendo acompanhada pelo desafogo na procura por hospitais e na média móvel de mortes, que há nove dias parou de crescer. Ainda estamos diante de 846 mortes diárias, em média, mas a tendência é que esse número caia fortemente nas próximas semanas.

Por todo o planeta, há sinais de que a pandemia entrou em uma nova fase, onde seguiremos convivendo com o coronavírus, mas com cada vez menos infectados e mortos. Essa análise se baseia em três pilares: população amplamente vacinada (no Brasil, mais de 90% dos adultos estão imunizados); mais gente imunizada por ter tido alguma cepa do vírus e variantes que, embora até mais contagiosas, são bem menos graves e letais (caso da ômicron).

A vacina, aliás, é o pilar mais forte dessa tríade. Hoje, entre 80% e 90% das pessoas que morrem de covid-19 não se vacinaram. O dado reforça a importância de se aderir à vacinação, incluindo crianças e as doses de reforço na população adulta. Se não evita por completo o contágio, é a vacina quem seguirá nos protegendo de contaminações com maior nível de gravidade.

Janela

Os especialistas chamam o período atual de janela de oportunidade. É nessa janela que o contágio perde força ao ponto de a pandemia se transformar em endemia. Provavelmente, as pessoas continuarão pegando formas mais leves de covid-19, sem que seja necessário adotar medidas restritivas mais severas, como o fechamento do comércio ou mesmo novos lockdowns, por exemplo.

Com esse comportamento da pandemia, diversas cidades e países ao redor do mundo têm baixado a guarda em relação aos cuidados. Em Nova York, por exemplo, não é mais obrigatório usar máscaras nem mesmo em locais fechados.

A Inglaterra anunciou nesta segunda-feira que acabará com todas as medidas restritivas. A Dinamarca, um dos países em que a ômicron mais se alastrou, também suspendeu as medidas.

O Brasil está caminhando nessa direção. O contágio pela ômicron está em franca queda e 72% da população já completou o ciclo vacinal básico — outros 8% já tomaram a primeira dose e aguardam o tempo para concluir a vacinação. Na população vacinável, ou seja, pessoas com 5 anos ou mais, já temos 77% com a imunização completa, além de outros 9% que já tomaram a D1. E mais de um terço (37%) dos brasileiros a partir de 5 anos de idade já receberam a dose de reforço.

As condições para que o Brasil aproveite essa janela de oportunidade estão dadas. Se continuarmos avançando cada vez mais na vacinação — principalmente nas suas etapas de reforço — e mantivermos um sistema de saúde pronto para eventuais situações adversas, ao que tudo indica iremos caminhar para uma convivência bem menos turbulenta com o coronavírus. Ele dificilmente vai sumir por completo, mas se pudermos conviver com ele sem grandes danos, já terá sido um enorme avanço para a humanidade. Desde o início da pandemia, o sonho sempre foi esse. Pode ser que agora ele esteja enfim virando realidade.

*Marcelo Tokarski é sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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