Segurança digital também é responsabilidade do CEO (FG Trade/Getty Images)
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Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 10h00.
Por Fernando Bittencourt *
A adoção de práticas robustas de segurança digital segue sendo um desafio para muitas organizações. Ainda que estejamos no meio de uma "guerra" tecnológica, onde ataques se tornam cada vez mais sofisticados, rápidos e frequentes, a dificuldade em aderir à cibersegurança se mantém um gargalo no mundo corporativo.
Boa parte das empresas não reconhece o potencial destrutivo das ameaças cibernéticas até serem invadidas e perceberem o real impacto de assumir o risco. A maturidade cibernética precisa ser vista como essencial para a saúde organizacional, e o movimento de conscientização precisa começar pelo CEO.
A expressão “maturidade cibernética” significa estar consciente das ameaças e vulnerabilidades, tomando medidas concretas e proativas para mitigar riscos. Para que isso aconteça, os CEOs devem compreender a dinâmica constante entre perda e ganho em cenários de ataque e defesa.
A estratégia é clara: é preciso alocar recursos onde há vulnerabilidade. Entretanto, a falta de investimento decorre muitas vezes do desconhecimento ou da falsa percepção de que não há uma ameaça real. O resultado é uma segurança ilusória, como cadeados com senhas “0000”, que não protegem de verdade.
Um dos maiores equívocos que CEOs e membros do conselho das empresas podem cometer é confiar na percepção de que a segurança digital não afeta diretamente o desempenho financeiro da organização. Esse é um erro fatal. Os prejuízos de uma vulnerabilidade cibernética podem ser devastadores, incluindo danos à reputação, processos legais e penalidades regulatórias. Quando um ataque acontece, os custos de remediação e recuperação superam em muito o investimento preventivo que poderia ter sido feito.
O que poucos compreendem é que, muitas vezes, as vulnerabilidades são criadas “dentro de casa”, a partir de comportamentos dos usuários que não estão alinhados com a cibersegurança. Colaboradores, de qualquer nível hierárquico, que não seguem boas práticas de segurança são pontos vulneráveis dentro das organizações e criam vastas superfícies de ataque por meio de ações frequentemente tidas como inofensivas.
A conscientização da equipe demanda experiência e treinamento contínuo, e essa cultura de segurança precisa ser adotada e incentivada pela alta cúpula das empresas. Quando a liderança está comprometida, a adesão se torna mais eficiente.
É comum que a segurança digital seja vista como um empecilho ou um custo desnecessário para os tomadores de decisão. Além disso, muitas empresas no Brasil operam com a mentalidade de que “isso não vai acontecer comigo”, ignorando os riscos reais até que seja tarde demais. Contudo, uma estratégia de cibersegurança bem planejada, traçada por profissionais qualificados, garante que os investimentos sejam feitos de maneira eficaz. O foco é identificar e proteger os pontos sensíveis da organização, prevenindo falhas que podem paralisar a operação e comprometer a reputação para o mercado.
A falsa sensação de segurança é um risco real em muitas empresas. Políticas de proteção inadequadas criam uma ilusão de proteção enquanto deixam vulnerabilidades expostas para agentes mal-intencionados. Atitudes proativas são necessárias para mitigar esses riscos, e espera-se que os CEOs sejam os principais defensores dessa abordagem, implementando políticas claras e investindo em tecnologias que garantam uma segurança real e eficiente.
A maturidade cibernética é fundamental para qualquer organização moderna. A responsabilidade de iniciar e sustentar essa cultura recai sobre o CEO. Investir em segurança digital não é apenas uma questão de tecnologia, mas de garantir a continuidade, a reputação e o sucesso do negócio no longo prazo.
*Fernando Bittencourt é diretor de marketing da CG One. Com quase 20 anos de experiência em Branding, Marketing Digital, Estratégias Go-to-Market e Inteligência de Mercado, o executivo é graduado em Propaganda e Marketing, com especializações em Marketing Estratégico pela FGV e em Negócios Digitais pela USP.
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