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No Brasil, o copo do ESG está meio cheio ou meio vazio?

Ainda enfrentamos muitas dificuldades em meio aos avanços nas estratégias de sustentabilidade. Entenda na coluna Gestão Sustentável desta semana

 (skaman306/Getty Images)

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Danilo Maeda
Danilo Maeda

Head da Beon - Colunista Bússola

Publicado em 9 de outubro de 2024 às 14h39.

O copo está meio cheio ou meio vazio? É uma figura de linguagem batida, mas que representa muito bem os principais achados da pesquisa "Avanços e Desafios: A Maturidade ESG nas Empresas Brasileiras 2024", da Beon ESG e feita pela Nexus — Pesquisa e Inteligência de Dados, da FSB Holding com parceria da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial). 

Essa é a única e a maior pesquisa do gênero realizada no Brasil com uma amostra representativa da economia, o que permite uma visão abrangente e detalhada sobre o estado atual das práticas ESG nas empresas brasileiras.

E os resultados mostram um cenário que permite múltiplas interpretações

O copo está meio cheio quando notamos que nos últimos três anos houve um crescimento significativo na adoção de práticas ESG pelas empresas brasileiras. Mas está meio vazio quando percebemos que práticas necessárias para a consistência das estratégias de sustentabilidade ainda são muito pouco adotadas.

Mesmo assim, a tendência mostra que o copo está enchendo, com melhoria em quase todos os aspectos medidos nos últimos três anos (a pesquisa foi realizada em 2021 e replicada em 2024). 

Essa evolução se deve a diversos fatores, como a pressão de investidores, consumidores e reguladores, além da crescente conscientização sobre os impactos socioambientais dos negócios.

Alguns avanços que se destacam são

Estratégia de Sustentabilidade

Mais da metade das empresas pesquisadas (51%) já possui uma estratégia de sustentabilidade formalizada, demonstrando um compromisso crescente com a agenda ESG.

Metas Ambientais

A pesquisa indicou um aumento de 14 pontos percentuais no número de empresas com metas ambientais definidas, chegando a 43%.

Estrutura ESG

A existência de uma estrutura específica para tratar de questões ESG nas empresas cresceu 10 pontos percentuais, atingindo 39%.

Alinhamento com acordos globais

Um número expressivo de empresas (40%) utiliza o Acordo de Paris ou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU como referência para definir suas metas socioambientais.

Mapeamento de Stakeholders

A pesquisa mostrou que 59% das empresas mapeiam seus stakeholders, demonstrando um maior entendimento da importância de envolver diferentes públicos em suas iniciativas de sustentabilidade.

No lado vazio do copo, os desafios a serem superados incluem adoção de ferramentas essenciais para que as estratégias de ESG sejam de fato sustentáveis e entreguem valor aos negócios:

Avaliação de Materialidade

Apenas 27% das empresas realizam avaliações de materialidade, o que limita a capacidade de identificar os aspectos (especialmente riscos e impactos) socioambientais mais relevantes para seus negócios.

Relatórios de Sustentabilidade

Embora tenha havido crescimento, apenas 20% das empresas publicam relatórios de sustentabilidade, uma ferramenta fundamental para a gestão, transparência e prestação de contas.

Aprofundamento da Agenda

É necessário aprofundar o conhecimento e a implementação de práticas ESG mais complexas, como a gestão de riscos socioambientais e integração estratégica com o negócio.

A pesquisa, que trouxemos ao mercado como um serviço de informação e produção de conhecimento, demonstra que as empresas brasileiras estão cada vez mais engajadas com a agenda ESG, mas ainda há um longo caminho a percorrer. 

Para acelerar a transição para um futuro com negócios (e um mundo) mais resilientes, é fundamental que as empresas integrem a sustentabilidade à estratégia de negócio e colaborem com stakeholders para mapear e endereçar riscos e impactos socioambientais.

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