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Hugo Tadeu: Crenças limitantes ao inovar

Muitas das empresas ainda se agarram na estrutura de resultados a curto prazo deixando a inovação passar despercebida

Empresas precisam estar mais abertas em relação a inovação (patpitchaya/Getty Images)

Empresas precisam estar mais abertas em relação a inovação (patpitchaya/Getty Images)

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Publicado em 12 de julho de 2022 às 15h32.

O mundo do cinema é repleto de filmes interessantes, com narrativas futuristas e que, em muitos casos, acabam virando realidade. Um dos filmes campeões de bilheteria é o espetacular “De Volta para o Futuro”. Ele narra a criação acidental de uma máquina do tempo por um cientista, que muda a sua própria existência no tempo. Outro ótimo filme seria “O Curioso Caso de Benjamin Button”, em que um jovem bebê nasce de forma incomum, rejuvenescendo com o tempo. Seriam estes filmes obras do acaso ou retratam as expectativas humanas por novas experiências e narrativas?

Seguindo a proposta desses dois filmes, a analogia com o mundo da inovação é a mesma. Se estivéssemos em algum lugar do futuro, com a proposta de criação de alguma máquina do tempo ou até mesmo de uma forma de rejuvenescimento, talvez a narrativa dos fatos pudesse ser escrita de trás para frente.

Observando o mundo de hoje, diversas empresas de grande porte compreenderam a importância em estruturar uma governança para inovar a partir de uma estratégia de negócio evidente, com a definição de um bom portfólio de projetos, indicadores de resultados no tempo e a busca por uma nova cultura inovadora. Para tanto, é muito importante ter uma análise cuidadosa sobre os custos de capital para inovar, envolvendo a dicotomia entre fazer internamente pelos caminhos tradicionais do P&D (pesquisa e desenvolvimento) versus comprar novos conhecimentos de fora, a partir de recursos e mecanismos de investimentos corporativos estão na pauta.

Nesse sentido, um dos grandes desafios é a cultura de se fazer negócios no Brasil. Muitos executivos são resistentes ao ambiente inovador, pelo medo do desconhecido, bem como pela impaciência em testar novos modelos de negócios. A busca pelo resultado imediato (e somente financeiro) tem sido um entrave considerável para inovar. Algumas tentativas isoladas são observadas, como a criação de comitês vinculados aos diretores, mas com pouca autonomia decisória e limitações técnicas nos debates em busca de uma agenda de longo prazo.

Da mesma forma, há crenças limitantes do universo da pesquisa nas universidades. As medidas tradicionais de sucesso ainda estão vinculadas aos indicadores de publicações e patentes, enquanto a sugestão poderia estar associada também à geração de riqueza. Bons modelos de universidades americanas de ponta devem ser analisados com profundidade, em que pesquisadores geram conhecimento aplicado e com foco no mercado.

Essa mesma narrativa deve estar relacionada aos indicadores clássicos da inovação, ainda pautando os modelos da economia. Muitas empresas compreenderam que os resultados das melhorias de processo, receitas advindas de novos clientes, mercados e a opção por investimentos em novas tecnologias também são considerados como temas da inovação.

Da mesma forma que nos filmes com viés futurista, em algum momento da história, as crenças limitantes sobre o que realmente pode ser uma pauta inovadora serão reescritas, talvez por algum pesquisador brilhante, ou por alguma empresa com resultados extraordinários, permitindo uma nova versão da história. De uma forma geral, além das teorias clássicas, também pode-se viver da geração de novos contextos e em busca de novas narrativas.

*Hugo Tadeu é diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC e Senior Advisor da Deloitte

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